Angola: crente da seita de Kalupeteka condenado a 20 anos de prisão
Um membro da seita de José Julino Kalupeteka, foi ontem condenado na província do Bié a 20 anos de prisão, por "crime de homicídio qualificado na forma frustrada", porque em Abril passado recusou acatar ordens de despejo, o que degenerou em confrontos com a polícia.
Publicado a: Modificado a:
O jovem de 22 anos foi ontem (13/11) condenado a 2 anos de prisão por crime de resistência e a 19 anos pelo crime de homicídio qualificado de forma frustrada, acrescidos de seis meses de multa de 100 kwanzas diários (cerca de 60 cêntimos de euro) e terá ainda que indemnizar os ofendidos no valor de 950 mil kwanzas (cerca de 5.600 euros) e pagar as taxas de justiça que se elevam a 102 mil kwanzas (cerca de 600 euros).
Em Abril do ano passado ele e mais de 80 fiéis recusaram abandonar casebres e cubatas na aldeia de Kaluei, município de Cunhinga, na província do Bié, consideradas insalubres pelas autoridades.
Dia 13 de Abril de 2015 a polícia tentou desalojá-los e o grupo munido de armas brancas segundo a polícia ripostou, no que resultaram oficialmente ferimentos graves em seis dos nove polícias.
Na altura 11 fiéis foram condenados a penas de um ano e seis meses de prisão maior por crimes de desobediência e resistência às autoridades.
O juiz considerou o réu como autor material do crime e a defesa anunciou que vai interpor recurso.
Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres
Salvador Freire, presidente da Associação Mãos Livres, admite que "por dificuldades financeiras não pudemos defender condignamente este cidadão condenado a 20 anos de prisão", mas considera a "pena uma aberração...temos a certeza que foi indicado um defensor oficioso para o defender, nó não acreditamos que de facto possa haver recurso".
Salvador Freire insiste ainda no facto de que esta condenação não vai "influenciar em nada" o processo de José Julino Kalupeteka, líder da seita A Luz do Mundo, preso em Abril de 2014, que a Associação Mãos Livres defende e que começa a ser julgado na próxima segunda-feira no Huambo, pois "estamos a preparar a contestação...e vamos para o Huambo para ver se segunda-feira estaremos de prontidão no julgamento que vai decorrer".
Na sequência do caso ocorrido no Bié, foi lançado um mandado de captura contra Kalupeteca, que foi preso a 17 de Abril de 2015, com o seu filho e outros crentes, na sequência do alegado massacre perpetrado pelas forças policiais no Monte Sumi, município da Caála, província do Huambo, durante o qual nove polícias foram mortos e um número indeterminado de crentes, que segundo a oposição podem chegar a mil.
Ignora-se o número de pessoas que foram detidas após esta tragédia, mas foram denunciadas perseguições a membros da seita de Kalupeteka pelo menos em três provícias: Bié, Benguela e Huambo.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro