Escolha de embaixador do Irã na ONU provoca tensão entre Washington e Teerã

Os Estados Unidos negaram o visto de permanência no país para o novo embaixador do Irã na ONU, Hamid Abutalebi, alegando que o diplomata teria participado da invasão da embaixada norte-americana em Teerã em 1979. As autoridades iranianas disseram nesse sábado (12) que não pretendem nomear um novo representante para as Nações Unidas.

Hamid Abutalebi lamentou a decisão dos Estados Unidos, mesmo se confirmou ter atuado como intérprete durante o sequestro na embaixada norte-americana em Teerã, em 1979. REUTERS/President.ir

A imbróglio começou quando a Casa Branca anunciou, alegando razões de segurança nacional, que “nenhum visto seria emitido para Hamid Abutalebi”. O diplomata deveria assumir o cargo de embaixador do Irã na ONU, que tem sua sede em Nova York. Mas os Estados Unidos suspeitam que ele tenha feito parte do grupo de estudantes que tomou a embaixada norte-americana na capital iraniana durante 444 dias, entre 1979 e 1981, detendo 52 reféns.

A interdição de emissão de visto foi feita após vários ex-reféns do sequestro na embaixada terem criticado, junto ao Congresso dos Estados Unidos, a escolha de Abutalebi para o cargo. Na quinta-feira (10), o Parlamento e o Senado votaram contra a nomeação.

Apresentado como moderado, Abutalebi lamentou a decisão de Washington em sua página no Facebook. No entanto, ele já havia reconhecido que atuou como intérprete durante o sequestro.

Nesse sábado Teerã reagiu à decisão norte-americana e disse que vai manter a nomeação de seu embaixador. “Nós não temos nenhum substituto para Hamid Abutalebi e levaremos esse caso diante dos mecanismos jurídicos das Nações Unidas”, informou o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, em uma nota divulgada pelo agência oficial de notícias do Irã, Irna. “A América é obrigada a agir respeitando seus engajamentos internacionais”, disse o representante de Teerã.

Araghchi é um dos principais negociadores sobre o programa nuclear iraniano com as potências ocidentais. Ele garantiu que o episódio não terá impacto nas discussões em andamento, que têm uma nova reunião prevista para o dia 13 de maio.