Mais da metade dos americanos aprovam vigilância telefônica e online do serviço secreto
Passado o choque inicial provocado pela divulgação de que milhares de residentes nos Estados Unidos têm suas ligações telefônicas e atividades na internet vigiados pelos programas Prism e Verizon, conforme revelou o ex-colaborador da Agência de Segurança Nacional Edward Snowden, os americanos estão agora preocupados com o modo de funcionamento dos serviços de inteligência no governo de Barack Obama.
Publicado a:
Ligia Hougland, correspondente em Washington
Há uma intensa discussão nacional sobre esses programas de ampla coleta de dados de atividades de cidadãos americanos e estrangeiros. Muitos questionam se eles são inconstitucionais e se representam abuso de poder. O governo Obama defende que os membros do Congresso estavam a par das atividades de coleta de inteligência e que os programas estão dentro dos limites previstos por lei.
Uma pesquisa do Washington Post e do Pew Research Center indica que cerca da metade dos americanos (56%) consideram esse tipo de vigilância “aceitável”, se tem a finalidade de combater o terrorismo.
Em meio a esse debate, Obama encontra defensores e opositores inesperados. O conservador presidente da Câmara, John Boehner, defendeu os programas da Agência de Segurança Nacional (NSA) e chamou o ex-funcionário da CIA e responsável pelo vazamento, Edward Snowden, de “traidor”, enquanto o cineasta e ativista liberal Michael Moore considera Snowden um “herói”. Alguns críticos dizem que os programas de vigilância de chamadas telefônicas e atividades online representam uma ameaça à democracia.
O Departamento de Justiça americano se prepara para indiciar Snowden por espionagem, o que pode levar a uma pena de prisão perpétua. Os americanos também estão questionando o uso que o governo faz de prestadores de serviços para assuntos de segurança nacional, como a gigante consultora Booz Allen, firma que empregava Snowden quando ele fez o vazamento.
Snowden pode fazer novas revelações constrangedoras para o governo americano, segundo o jornalista do The Guardian que revelou o escândalo e mantém contato com ele. O paradeiro do americano é desconhecido, desde que ele deixou o hotel onde esteva hospedado em Hong Kong, nas últimas semanas.
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