EUA: negociação sobre “abismo fiscal” empaca e deputados devem votar plano B ainda hoje
Nesta quarta-feira, o líder republicano John Boehner chamou a imprensa e anunciou que nesta quinta-feira a câmara dos deputados deverá votar um "plano B", que ignora completamente as negociações realizadas na última semana com o presidente Barack Obama para evitar o chamado "abismo fiscal".
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Carolina Cimenti, correspondente da RFI em Paris
A dívida dos Estados Unidos atualmente ultrapassa US$ 16 trilhões, a maior do mundo em todos os tempos. Para diminuir dívidas públicas é preciso aumentar impostos e cortar despesas. Nesse ponto, democratas e republicanos concordam. O problema começa quando se discute quais despesas cortar e quem deverá pagar mais impostos.
Até três dias atrás, parecia que finalmente democratas e republicanos estavam trabalhando em conjunto novamente. O líder da oposição, John Boehner, havia conversado longamente com o presidente Barack Obama e, aparentemente, estavam chegando perto de um acordo para resolver o chamado “abismo fiscal”, que ameaça empurrar os Estados Unidos novamente para uma recessão.
O presidente Barack Obama sugeriu aumentar os impostos para todas as pessoas que ganham mais de US$ 200 mil por ano e aceitou fazer cortes em benefícios para idosos. Por outro lado, o líder republicano, John Boehner, aceitou o pedido de Obama de que os impostos subam para os americanos mais ricos, mas queria que o aumento ocorresse somente para quem ganha mais de US$ 1 milhão por ano.
O presidente então aceitou subir o seu limite para US$ 400 mil. E quando todo o país achou que se estava chegando perto de um acordo, os republicanos cansaram de negociar e decidiram forçar uma votação na câmara nesta quinta-feira do chamado “plano B”, que não prevê nenhuma concessão em relação à proposta inicial que Boehner fez ao presidente.
Na quarta-feira, o líder republicano chamou a imprensa de surpresa e anunciou que tem o número de votos necessários para passar a sua proposta na câmara. Boehner aproveitou para mandar um recado ao presidente: “Ele terá que tomar uma decisão, pedir que os senadores democratas passem a lei, ou se tornar responsável pelo maior aumento de impostos na história americana”, disse o republicano.
Caso a lei do chamado “abismo fiscal” não passe até o dia 31 de dezembro, todos os cortes de impostos feitos durante o governo de George W. Bush serão anulados, para pobres e para ricos, o que poderia empurrar o país novamente para uma recessão.
Segundo Obama, o problema aqui não é técnico, mas sim político: “Eles não se permitem dizer sim para mim, nem mesmo quando as minhas propostas vão de encontro às deles”, disse o presidente. Obama também garantiu que, caso a lei passe na câmara hoje, o texto será vetado por ele.
Aqui nos Estados Unidos, há quem diga que esta será a última esperneada republicana, antes de aceitar uma proposta democrata. É possível também que se trate de um verdadeiro impasse. O que importa é que, a 11 dias do final do ano, o “abismo fiscal” parece cada vez mais próximo... e fatal para a economia americana.
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