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Argentina/Acidente

Trem que colidiu na Argentina estaria obsoleto

O trem argentino que sofreu um acidente no subúrbio de Buenos Aires nesta quarta-feira, matando 50 pessoas e deixando mais de 700 feridos, é um modelo Toshiba que havia entrado em operação na década de 1960. Segundo cálculos de especialistas brasileiros ouvidos pela RFI nesta sexta-feira, os vagões poderiam estar obsoletos.

Trem argentino envolvido em acidente é feito de aço carbono.
Trem argentino envolvido em acidente é feito de aço carbono. REUTERS/Marcos Brindicci
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A vida útil de um trem feito de aço carbono - como é o caso do veículo acidentado - é de 30 anos, podendo se estender por mais 10, segundo Joubert Flores, presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos no Brasil. 

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Joubert Flores: "A vida útil é determinada para evitar problemas de corrosão."

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, Vicente Abate, explica que a regularidade dos serviços de manutenção é tão importante quanto levar em conta a vida útil dos trens.

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Vicente Abate dá o exemplo do metrô de São Paulo.

Os especialistas lembram que o sistema de trens da Argentina já foi um modelo de referência na América Latina. "A Argentina foi uma precursora do sistema de transporte metroferroviário urbano na região. O metrô de Buenos Aires surgiu em 1913, tem a idade dos metrôs europeus. O de Paris, por exemplo, é de 1900. O sistema brasileiro só começou a operar nos anos 70", destaca o presidente da ANPTrilhos.

Há 20 anos, a rede ferroviária argentina contava com 780 locomotivas e 40 mil vagões em bom estado. Hoje, são 250 locomotivas e 10 mil vagões, grande parte em estado precário.

Privatizações

A piora da situação dos trens argentinos coincidiu com a privatização do sistema de cargas e passageiros. "As privatizações começaram na década de 1990. A expectativa inicial era de melhorar o sistema, já que havia falta de investimentos públicos. Hoje, são as empresas privadas que detêm as concessões sobre os trens que devem garantir os investimentos necessários, principalmente nos serviços de manutenção", afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária.

Para Joubert Flores, o sucateamento dos trens argentinos e o enxugamento da frota foram uma consequência da degradação da conjuntura econômica do país e da forma como as privatizações foram efetivadas, com tarifas altamente subsidiadas. "Esse sistema é diferente do brasileiro. No nosso caso, os trens estavam sucateados quando foram privatizados e houve um rejuvenescimento da indústria de material ferroviário no Brasil", diz o presidente da ANPTrilhos.

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Joubert Flores: "O modelo de privatização brasileiro teve mais sucesso do que o argentino."

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