Acesso ao principal conteúdo
G20/Canadá

Emergentes se impõem na cúpula do G20 em Toronto

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, representante do Brasil na cúpula do G20, disse neste sábado estar confiante de que a posição defendida pelos países emergentes vai prevalecer sobre a posição europeia nas discussões do grupo. O Brasil não aceita a taxação das operações financeiras internacionais nem um imposto global sobre os bancos, como defendem nações avançadas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é recebido pelo primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, no jantar de abertura da reunião do G20, em Toronto.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é recebido pelo primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, no jantar de abertura da reunião do G20, em Toronto. Reuters
Publicidade

As potências emergentes, assim como o Canadá e os Estados Unidos, defendem a manutenção das medidas de estímulo para sustentar a recuperação econômica mundial, ainda frágil, enquanto os europeus querem priorizar a redução dos déficits governamentais. « Eu vejo uma ansiedade em alguns países avançados, mas não pode haver pressa na implementação das políticas de ajuste fiscal », afirmou o ministro brasileiro da Fazenda. Seria uma contradição ter os países avançados retardando o desenvolvimento e usando os mercados emergentes para equilibrar seus déficits, disse Mantega.

Num rascunho da declaração final da cúpula, que circulou neste sábado, o governo canadense, anfitrião do encontro, propõe uma redução dos déficits fiscais à metade até 2013 e a sinalização de que a dívida pública entrou em trajetória descendente a partir de 2016. O Brasil é a favor da consolidação fiscal, enfatizou o ministro, mas países como o Japão e a Itália, por exemplo, não dariam conta dessa meta, segundo Mantega. Ele considerou exagerados e « draconianos » alguns planos de austeridade anunciados pelos países avançados. A redução dos déficits fiscais precisa ser realista e não pode inibir o crescimento, insistiu o ministro.

Num recado indireto à Alemanha, que chegou a Toronto com propostas ortodoxas de ajuste fiscal, Mantega criticou « os países exportadores que estão fazendo ajustes às custas dos emergentes ». « Eles não estimulam o consumo interno, mas querem exportar », afirmou o ministro. « Nós não podemos deixar que os países emergentes passem a ter déficit nas transações correntes para beneficiar os países avançados. »

O ministro da Fazenda disse que o Brasil não aceita a taxação das operações financeiras internacionais, como defendem norte-americanos e europeus. Por outro lado, o Brasil quer sair de Toronto com um calendário preciso de aplicação da reforma do sistema financeiro. A reforma deverá estar formatada no próximo encontro de líderes do G20, no segundo semestre deste ano, em Seul, e entrar em vigor até 2012, segundo o ministro. As novas regras devem dar maior transparência às operações nos mercados de derivativos, reforçar o capital dos bancos e reduzir as atividades de risco.

Por fim, Mantega disse que o Brasil quer sair de Toronto com o compromisso político de que a reforma das instituições financeiras multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, inicialmente prevista para o primeiro semestre de 2011, vai estar concluída até o próximo encontro do G20, em Seul. Essa reforma deve dar às potências emergentes e aos países em desenvolvimento maior peso nas decisões desses organismos.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.