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França

Centenas de migrantes ocupam Panteão de Paris

Várias centenas de pessoas sem documentos ocuparam, esta sexta-feira, o Panteão, em Paris, para pedir uma reunião com o primeiro-ministro francês e exigir a sua regularização. É uma “maneira de se fazer ouvir” para os que não têm voz, descreveu à RFI a activista Luísa Semedo que se associou à manifestação.

Activista a exibir o cartaz "Apoio aos Coletes Pretos". Panteão, Paris. 12 de Julho de 2019.
Activista a exibir o cartaz "Apoio aos Coletes Pretos". Panteão, Paris. 12 de Julho de 2019. Kenzo TRIBOUILLARD / AFP
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Cerca de 700 pessoas ocuparam, esta tarde, o Panteão de Paris para exigir a regularização dos que vivem em França sem documentos. Migrantes e activistas pediram, também, uma reunião com o primeiro-ministro, Edouard Philippe, para lhe pedir uma “regularização excepcional”, algo que dizem não acontecer desde 1981 e que força centenas de pessoas a viver sem documentos há anos em França.

Eles querem papéis. Eles querem que a situação deles seja regularizada. É preciso saber que muitos têm aqui famílias, que estão aqui, que trabalham e que lhes falta os papéis. Depois, há outras pessoas que estão na rua ou então alguns que estão em centros de retenção e necessitam de ser libertados porque os centros de retenção parecem prisões”, explica Luísa Semedo, activista portuguesa a viver em Paris e que se associou à iniciativa.

Luísa Semedo, que tem trabalhado com o colectivo “La Chapelle Debout” - nomeadamente a traduzir panfletos para português – deslocou-se ao Panteão porque esta acção é uma “maneira de fazer ouvir” os que não têm voz.

Já há bastante tempo que fazem manifestações à porta de certos sítios, como a 'Préfécture', alguns centros de retenção – onde também já estive – mas não tem dado em nada, as coisas não têm avançado. Entretanto, decidiram fazer acções directas um pouco mais simbólicas (...) Tendo em conta que nunca foram ouvidos até agora, tentam fazer de tudo para ser ouvidos”, explicou.

 

"Coletes Pretos": "As pessoas que têm maior precariedade"

No exterior do Panteão, ouviu-se o slogan “Gilets Noirs”, em português “Coletes Pretos”, em referência ao movimento dos “Coletes Amarelos” que reivindica há meses melhores condições de vida. Luísa Semedo considera que “é importante haver esta interseccionalidade das lutas para se perceberque há muita coisa que está ligada”, ainda que a precariedade dos “Coletes Pretos” seja muito mais alarmante.

Os mais fracos não são ouvidos pelo poder e é isto também que está aqui em causa. A prioridade do governo deveria ser de tratar das questões das pessoas que têm mais necessidades e não é o que está a ser feito. Os ‘Gilets Noirs’ são mesmo, para mim, o fim da linha, ou seja, as pessoas que têm maior precariedade e aqueles que têm menos hipóteses de se fazer ouvir. Por isso é que eles também fazem este tipo de acções mais simbólicas e mais mediáticas porque, de facto, não têm maneira de se fazer ouvir”, acrescentou.

Oiça aqui a entrevista:

04:36

Luísa Semedo, Activista portuguesa em Paris

 

O relato no local:

01:09

Luísa Semedo no Panteão

 

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