A cientista portuguesa Maria Mota, que há 20 anos trava “uma luta diária” contra o parasita da malária, acaba de receber, em Paris, um prémio do Institut Pasteur. Numa altura em que a OMS divulgou o relatório anual sobre a situação da malária no mundo, a investigadora alerta que a estagnação da doença não é uma boa notícia e deve servir de alerta para a comunidade científica não baixar os braços.
As mortes provocadas pela malária em todo o mundo diminuíram em 2017, mas a redução de casos que se registava desde o início da década estagnou. O anúncio foi feito pela Organização Mundial de Saúde num relatório divulgado esta segunda-feira.
A malária matou 435.000 pessoas em 2017 contra 607.000 em 2010. Mais de 90 por cento dos casos e das vítimas mortais estão no continente africano e a maioria são crianças. A seguir à Nigéria e à República Democrática do Congo, Moçambique é o terceiro país com maior percentagem (5%) de casos no mundo e o oitavo onde a doença mais mata (3% do total de vítimas).
“Isto é que vai ser o problema. Nós estávamos bastante confiantes, achávamos que tínhamos as ferramentas, mas está-se a chegar agora a esta estagnação. É que chegámos a um ponto em que nós reduzimos muito, reduzimos cerca de 50% das mortes nos últimos 10,15 anos, mas, agora, as últimas não estamos a conseguir combatê-las. Provavelmente porque vamos precisar de novas ferramentas e para isso é que é preciso investir em investigação para criar novas descobertas e novas maneiras de racionalmente nós desenharmos novas armas de combate”, explicou Maria Mota à RFI.
Nesta entrevista, a investigadora fala do Prix Sanofi-Institut Pasteur que acaba de receber, da situação da malária em África, nomeadamente, nos países afro-lusófonos, da dificuldade em erradicar a doença e da luta diária que trava, em laboratório, contra o parasita "Plasmodium".
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