Extrema-direita europeia reunida em Milão com ecos de escândalo e eleições antecipadas na Áustria
Na Austria, o vice-chanceler austriaco de extrema-direita, Heinz-Christian Strache, demitiu-se hoje, depois da divulgaçao de um video que compromete a coligaçao no poder. A demissao de Strache, que leva o chanceler Sebastian Kurz a anunciar eleições antecipadas na Áustria, acontece no dia em que 12 partidos nacionalistas europeus se reuniram em Milão, para demonstrar a influência da extrema-direita na Europa, a uma semana das eleições europeias. O comicio é promovido pelo ministro do Interior italiano, Matteo Salvini.
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O encontro da extrema-direita em Milão na Itália, com vista a defenir uma estratégia comum no âmbito do após-eleições europeias de 26 Maio foi afectado pela demissão do vice-chanceler austríaco e líder do Partido da Liberdade (FPÖ), formação de extrema-direita, Heinz-Christian Strache.
Strachen que chefiava o FPÖ desde há 14 anos, e que no passado esteve envolvido com grupos paramilitares neo-nazis, é acusado de tentativa de conluio com a falsa sobrinha de um oligarca russo, no qual estava alegadamente em causa, futuros investimentos da Rússia na Áustria.
O caso foi revelado, pelos semanário Der Spiegel e o diário Sueddeutche Zeitung, alemãos, através de uma cena filmada clandestinamente numa casa em Ibiza , onde se vê Heinz-Christian Strache e o líder da bancada parlamentar do FPÖ, Johann Gudenus a discutir com a suposta sobrinha de um oligarca russo, nomeadamente sobre um alegado financiamento, ilegal, do FPÖ, mediante uma fundação ligada ao partido da extrema-direita austríaco e a privatização parcial da ORF, empresa pública de comunicação audiovisual da Áustria.
Segundo observadores o escândalo em que está implicado Heinz-Christian Strache revela o lado obscuro da extrema-direita austríaca, caracterizado por laços tenebrosos com a Rússia, ataques à liberdade de imprensa , assim como por financiamentos duvidosos.
Norbert Hofer, actual ministro dos transportes e finalista da eleição presidencial austríaco, sucede interinamente a Strache na liderança do FPÖ, que pontuou a sua aliança de 18 meses com os conservadores do ÖVP, chefiados pelo chanceler Sebastian Kurz, de deslizes com carácter xenófobo e neo-nazi.
O escândalo resultante do encontro de Ibiza e da consequente demissão de Heinz-Christian Strache,de 49 anos de idade, do cargo de vice-chanceler, fez com que o chanceler austríaco Sebastian Kurz anunciasse, no sábado, a organização de eleições legislativas antecipadas.
Segundo Kurz, ele teria sido objecto de insultos na conversa gravada em Ibiza.
Milhares de pessoas manifestaram no centro de Viena, para regojizar-se com o anúncio de eleições antecipadas, assim como gritaram Abaixo o FPÖ!
O partido da extrema-direita austríaco já era visado pelos serviços de informação alemães, que tinham a recomendado ao governo de Berlim para não trocar informações sobre questões sensíveis com a Áustria, devido ao envolvimento do FPÖ com a Rússia.
A chanceler alemã,Angela Merkel,reagiu ao escândalo lançando uma advertência sobre os dirigentes de extrema-direita europeus, que segundo ela, poderiam estar à venda.
Harald Vilimsky que devia incialmente representar o FPÖ em Milão,foi substituído pelo eurodeputado Georg Mayer, devido ao escândalo que obrigou Heinz-Christian Strache a demitir-se das suas funções.
Presente no encontro da extrema-direita em Milão, a líder do partido francês Rassemblement National, Marine Le Pen, considerou durante um encontro com os media, que o que se passa na Áustria, é uma questão estritamente interna.
Durante o comício na praça do Duomo, Catedral de Milão, organizado por Matteo Salvini, ministro do Interior italiano e chefe do partido da extrema-direita Lega, Marine Le Pen afirmou que os cidadãos não querem uma União Europeia que contribui para fazer soprar sobre a Europa os maus ventos da globalização selvagem.
De acordo com a líder do partido Rassemblment National, a globalização sem uma regulamentação, é como mandar fabricar por escravos para vender a desempregados.
Matteo Salvini, quanto a ele interpelou as dezenas de partidários que se deslocaram à praça do Duomo, afirmando: nesta praça não há extremistas, racistas, nem fascistas. Os extremistas são os que governaram a Europa durante 20 anos em nome da pobreza e da precariedade.
Vedeta do comício em que participaram doze partidos,da também chamada direita nacionalista, Salvini lançou um apelo para a mobilização dos seus eleitores no dia 26 de Maio, data em que segundo ele, os europeus devem escolher entre o passado e o futuro, bem como entre a rua e os meios de negócios.
Pela ocasião o hino nacional francês, La Marseillaise serviu de bandeira de união dos nacionalistas, porque de acordo com o discurso de Marine Le Pen durante o comício, o dia de glória das pátrias chegou.
A uma semana do escrutínio, não se sabe que tipo de repercussão, o escândalo Strache, poderá ter sobre os resultados da extrema-direita nas eleições europeias.
O objectivo dos partidos da extrema-direita da União Europeia, é fazer do grupo Europa das Nações e Liberdades ( ENL), no qual estão integrados o Rassemblement National francês, o FPÖ austríaco e o Vlaams Belang da Flândria belga, a terceira força do Parlamento Europeu.
A atràs citada posição, de terceira força parlamentar europeia, é também cobiçada pela ALDE( Aliança dos Liberais Democratas Europeus ) da qual tencionam fazer parte os eventuais eurodeputados oriundos do La République en Marche ( LRM ),partido do Presidente Emmanuel Macron.
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