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Política/ União Europeia

Extrema-direita europeia reunida em Milão com ecos de escândalo e eleições antecipadas na Áustria

Na Austria, o vice-chanceler austriaco de extrema-direita, Heinz-Christian Strache, demitiu-se hoje, depois da divulgaçao de um video que compromete a coligaçao no poder. A demissao de Strache, que leva o chanceler Sebastian Kurz a anunciar eleições antecipadas na Áustria, acontece no dia em que 12 partidos nacionalistas europeus se reuniram em Milão, para demonstrar a influência da extrema-direita na Europa, a uma semana das eleições europeias. O comicio é promovido pelo ministro do Interior italiano, Matteo Salvini.

Matteo Salvini, ministro do Interior,  durante um comício em  Milão. Abril   2019
Matteo Salvini, ministro do Interior, durante um comício em Milão. Abril 2019 AFP/Miguel Medina
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O encontro da extrema-direita em Milão na Itália, com vista a defenir uma estratégia comum no âmbito do após-eleições europeias de 26 Maio foi afectado pela demissão do vice-chanceler austríaco e líder do Partido da Liberdade (FPÖ), formação de extrema-direita, Heinz-Christian Strache.

Strachen que chefiava o FPÖ desde há 14 anos, e que no passado esteve envolvido com grupos paramilitares neo-nazis, é acusado de tentativa de conluio com a falsa sobrinha de um oligarca russo, no qual estava alegadamente em causa, futuros investimentos da Rússia na Áustria.

O caso foi revelado, pelos semanário Der Spiegel e o diário Sueddeutche Zeitung, alemãos, através de uma cena filmada clandestinamente numa casa em Ibiza , onde se vê Heinz-Christian Strache e o líder da bancada parlamentar do FPÖ, Johann Gudenus a discutir com a suposta sobrinha de um oligarca russo, nomeadamente sobre um alegado financiamento, ilegal, do FPÖ, mediante uma fundação ligada ao partido da extrema-direita austríaco e  a privatização parcial da ORF, empresa pública de comunicação audiovisual da Áustria.

Segundo observadores o escândalo em que está implicado Heinz-Christian Strache revela o lado obscuro da extrema-direita austríaca, caracterizado por laços tenebrosos com a Rússia, ataques à liberdade de imprensa , assim como por financiamentos duvidosos.

Norbert Hofer, actual ministro dos transportes e finalista da eleição presidencial austríaco, sucede interinamente a Strache na liderança do FPÖ, que pontuou a sua aliança de 18 meses com os conservadores do ÖVP, chefiados pelo chanceler Sebastian Kurz, de deslizes com carácter xenófobo e neo-nazi.

O escândalo resultante do encontro de Ibiza e da consequente demissão de Heinz-Christian Strache,de 49 anos de idade, do cargo de vice-chanceler, fez com que o chanceler austríaco Sebastian Kurz anunciasse, no sábado, a organização de eleições legislativas antecipadas.

Segundo Kurz, ele teria sido objecto de insultos na conversa gravada em Ibiza.  

Milhares de pessoas manifestaram no centro de Viena, para regojizar-se com o anúncio de eleições antecipadas, assim como gritaram  Abaixo o FPÖ!

O partido da extrema-direita austríaco já era visado pelos serviços de informação  alemães, que tinham a recomendado ao governo de Berlim para não trocar informações sobre questões sensíveis com a  Áustria, devido ao envolvimento do FPÖ com a Rússia.

 

A chanceler alemã,Angela Merkel,reagiu ao escândalo lançando uma advertência  sobre os dirigentes de extrema-direita  europeus, que segundo ela, poderiam  estar  à venda. 

Harald Vilimsky que devia incialmente representar o FPÖ em Milão,foi substituído pelo eurodeputado Georg Mayer, devido ao escândalo que obrigou Heinz-Christian Strache a demitir-se das suas funções.

Presente no encontro da extrema-direita em Milão, a líder do partido francês Rassemblement National, Marine Le Pen, considerou durante um encontro com os media, que o que se passa na Áustria, é uma questão estritamente interna.

Durante o comício na praça do Duomo, Catedral de Milão, organizado por Matteo Salvini, ministro do Interior italiano e chefe do partido da extrema-direita Lega, Marine Le Pen afirmou que os cidadãos não querem uma União Europeia que contribui para fazer soprar sobre a Europa os maus ventos da globalização selvagem.

De acordo com a líder do partido Rassemblment National, a globalização sem uma regulamentação, é como mandar fabricar por escravos para vender a desempregados.

 

Matteo Salvini, quanto a ele interpelou as  dezenas de partidários  que se deslocaram  à  praça do Duomo, afirmando: nesta praça não há extremistas,  racistas, nem  fascistas. Os extremistas são os que governaram  a  Europa  durante 20 anos em nome da pobreza e da  precariedade.

 

Vedeta do comício em que participaram doze partidos,da também chamada direita nacionalista, Salvini  lançou um apelo para a mobilização dos seus eleitores  no dia 26 de Maio, data em que segundo ele, os  europeus  devem escolher entre  o passado e o futuro, bem como entre a rua e os meios de negócios.  

 

Pela ocasião o hino nacional  francês,  La Marseillaise serviu de bandeira  de união dos nacionalistas, porque  de  acordo com o discurso  de Marine Le Pen durante o comício, o dia de glória das pátrias chegou.    

A uma semana do escrutínio, não se sabe que tipo de repercussão, o escândalo Strache, poderá ter sobre os resultados da extrema-direita nas eleições europeias.

O objectivo dos partidos da extrema-direita da União Europeia, é fazer do grupo Europa das Nações e Liberdades ( ENL), no qual estão integrados o Rassemblement National francês, o FPÖ austríaco e o Vlaams Belang da Flândria belga, a terceira força do Parlamento Europeu.

A atràs citada posição, de terceira força parlamentar europeia, é também cobiçada pela ALDE( Aliança dos Liberais Democratas Europeus ) da qual tencionam fazer parte os eventuais eurodeputados oriundos do La République en Marche ( LRM ),partido do Presidente Emmanuel Macron.

 

 

 

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