Etiópia garante acesso ao Mar Vermelho através do porto de Berbera na Somália
A Etiópia acaba de assinar um acordo de reconhecimento da Somalilândia. Em contrapartida, o Estado autoproclamado, mas não reconhecido pela comunidade internacional garante, à Etiópia o acesso ao Mar Vermelho através do porto de Berbera. A Somália, onde se situa oficialmente a cidade portuária, descreveu o acordo como um acto de agressão, numa região onde estão em jogo muitas questões.
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Manuel João Ramos, antropólogo português e especialista no Corno de África, explicou para à RFI as consequências da situação. Entre jogos de alianças e interesses comerciais, o acesso ao Mar Vermelho tem como objectivo premitir à Etiópia ganhar peso na região num momento em que a Etiópia entra no grupo dos BRICS.
O Primeiro-Ministro da Somália, Hamza Abdi Barre, indicou que o país defenderá o seu território "por todos os meios legais possíveis". Este pronunciamento ocorre num momento em que a Somalilândia e a Somália concordaram em se reunir para negociações na semana passada.
" A Etiópia tem um acordo formal militar com a Rússia, muito boas relações com a Arábia Saudita. Eu diria que é uma peça importante neste xadrez complexo na Etiópia.
Recebeu o armamento e tem também muito boas relações com o Irão assim como com a Turquia. E, portanto, a entrada da Etiópia no jogo do de Mar Vermelho é evidentemente mais um foco de tensão. Eu diria mais um elemento não solidário com a presença das forças ocidentais e americanas.
Naquela região, eu diria que esta é mais uma peça de um puzzle que, no fundo, vai revigorar e vai fortalecer os interesses, sobretudo na medida em que a China precisa de garantir um acesso livre e não problemático das suas mercadorias através do Mar Vermelho em direcção ao Mediterrâneo e também evidentemente à África Oriental."
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