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#RDC/Ruanda

ONU confirma ataques ruandeses na RDC

Um relatório de peritos da ONU indica que o exército ruandês teria feito "intervenções militares contra grupos armados congoleses e posições das Forças Armadas congolesas" nos últimos meses, no leste da RDC, e que teria apoiado os combatentes do M23. Kigali nega qualquer apoio ao M23 e reafirma o direito a “defender o seu território”.

Monte Sabyinyo, conhecido como local onde se encontram forças do M23, na fronteira entre a RDC, o Uganda e o Ruanda. 1 de Abril de 2022.
Monte Sabyinyo, conhecido como local onde se encontram forças do M23, na fronteira entre a RDC, o Uganda e o Ruanda. 1 de Abril de 2022. AFP - ALEXIS HUGUET
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O exército ruandês "fez intervenções militares contra grupos armados congoleses e posições das Forças Armadas congolesas" de Novembro de 2021 até Junho de 2022, na província do Kivu-Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC), indica o relatório dos peritos da ONU e enviado ao Conselho de Segurança. Os especialistas explicam ter “provas sólidas”, depois de terem feito “inspecções no local” e analisado “imagens disponíveis”.

O documento indica que o exército ruandês participou em ataques contra militares congoleses e equipou e reforçou as tropas dos rebeldes do M23, explicando que o Ruanda esteve envolvido "unilateralmente ou conjuntamente com os combatentes do M23" no leste da RDC.

O M23 é um antigo grupo rebelde de maioria tutsi, derrotado em 2013, e que retomou as ações armadas no fim do ano passado no leste da RDC, ao longo da fronteira com o Ruanda, argumentando que Kinshasa nao respeitou os acordos sobre a desmobilização e reinserção dos seus combatentes.

Desde o final de Março, a intensidade dos combates aumentou drasticamente e o M23 conquistou partes do território de Rutshuru, a norte de Goma, a capital provincial do Kivu-Norte.

O porta-voz do governo ruandês, Yolande Makolo, negou as acusações da ONU, mas disse que o "Ruanda tem o direito legítimo e soberano de defender o seu território e os seus cidadãos e não apenas esperar até que aconteça uma catástrofe".

Os peritos da ONU mostram-se, também, preocupados com a “proliferação de discursos xenófobos e de ódio, incitando à discriminação, hostilidade e violência contra as populações originárias do Ruanda, em particular as comunidades banyamulenge e tutsi (...), encaradas como apoiantes do M23 e do Ruanda".

O relatório acrescenta que várias mensagens circularam, por exemplo, nas redes sociais para pedir aos congoleses que "expulsem os ruandeses da RDC e/ou os matem". Por outro lado, vários membros das comunidades banyamulenge e tutsi, entrevistados pelo painel de especialistas, disseram terem sido ameaçadas de morte, por elementos do exército da RDC, se não regressassem ao Ruanda.

 

Exemplos do envolvimento ruandês apontados pelo relatório da ONU:

A 13 de Junho, a cidade de Bunagana, 50 quilómetros a norte de Goma, na fronteira com Uganda, foi tomada pelo M23 após confrontos.  Imagens de drones fornecidas pelos capacetes azuis, vídeos e fotos, e testemunhas oculares estabelecem a presença das forças armadas ruandesas e/ou a transferência de equipamentos para o M23, dentro e em torno da cidade de Bunagana, no dia anterior ao ataque. O relatório aponta, ainda, que "testemunhas oculares e investigadores relataram uma complacência passiva do exército de Uganda na fronteira, que permitiu que os combatentes M23 cruzassem a fronteira" para atacar a cidade.

O documento aponta, também, que "em várias ocasiões, imagens aéreas mostraram grandes colunas de até 500 homens armados perto das fronteiras da RDC, Ruanda e Uganda, movendo-se de forma muito organizada e carregando uniformes e equipamentos militares padronizados” e semelhantes aos das forças armadas ruandesas.

O relatório indica, ainda, que o M23 e os militares ruandeses “atacaram conjuntamente” a maior base militar congolesa em Rutshuru, a 25 de Maio.

A publicação do documento surge numa altura em que a missão da ONU na RDC, a Monusco, com mais de 14.000 capacetes azuis no país, tem sido alvo de violentos protestos da população contra a sua alegada ineficácia na luta contra os grupos armados. 

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