Presidente de Tunísia reforça poderes em detrimento de parlamento
O chefe de Estado tunisino formalizou os seus decretos de 25 de Julho passado, que reforçam as prerrogativas presidenciais.Estas foram denunciadas pela oposição como sendo uma deriva autoritária, que põe em causa a democracia no país da África do norte.
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O Presidente Kaïs Saïed promulgou na quarta-feira,22 de Setembro de 2021, prerrogativas excepcionais que eforçam o poder da função presidencial em detrimento do Parlamento.
Com a promulgação das novas disposições, Saïed vai poder governar por decreto, contornando os parlamentares.
As novas prerrogativas devem contribuir para a presidencialização de facto do sistema de governo híbrido, que prevalecia até a data na Tunísia, estabelecido pela Constituição de 2014.
Os islamistas do partido Ennahdha, principais adversários políticos do Presidente Kaïs Saïed, criticaram as novas medidas implementadas pelo chefe de Estado.
Futuramente, “os textos legislativos serão implementados sob a forma de decretos-lei e promulgados pelo Presidente da República” , segundo estipula um dos artigos estabelecidos por Kaïs Saïed e publicados no jornal oficial do dia 22 de Setembro de 2021.
As prerrogativas estipulam também que ”o Presidente exerce o poder executivo com o auxílio do Conselho de Ministros, coordenado por um chefe de governo”, assim como “ o Presidente da República preside o Conselho de Ministros e pode delegar a sua presidência ao chefe do governo”.
Segundo ainda os novos poderes promulgados, o Presidente Kaïs Saïed tem o direito de indicar e demitir, ministros, diplomatas em missão no estrangeiro, bem como efectuar nomeações para a alta função pública.
No dia 25 de Julho de 2021, Kaïs Saïed de 63 anos de idade, arrogou-se os plenos poderes, ao demitir o governo e suspender o Parlamento, no qual os islamistas do Ennahdha desempenhavam um papel fundamental.
As medidas decretadas no citado dia 25 de Julho foram prolongadas a 24 de Agosto de 2021 até nova ordem.
Alguns sectores da população tunisina acolheram com entusiasmo as novas prerrogativas presidenciais, porque o país do Magrebe tem sido afectado nos últimos anos por sucessivas divisões e crises políticas.
Os opositores, partidos políticos, magistrados e advogados receiam que a Tunísia caminhe para uma deriva autoritária.
A Tunísia tem sido confrontada com graves dificuldades económicas e sociais.
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