Início de discussões sobre transição no Mali marcado pela tensão
Depois do golpe de Estado militar que derrubou recentemente o presidente Ibrahim Boubacar Keita, a junta militar no poder iniciou neste sábado, com os partidos políticos e representantes da sociedade civil, as discussões sobre o futuro do Mali.As primeiras tensões registaram-se quando membros do M5-RFP (Movimento do 5 de Junho-União das Forças Patrióticas) denunciaram o facto de terem sido excluídos da maioria dos grupos de trabalho.
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Tensão no início das discussões sobre o processo de transição política no Mali, quando membros do" Movimento 5 de Junho-União das Forças Patrióticas", na origem da contestação que resultou na destituição do presidente Ibrahim Boubacar Keita, protestaram aos gritos contra o facto de a junta militar os ter excluído dos vários grupos de trabalho
Depois de uma breve interrupção das discussões em curso, os militares no poder anunciaram que o M5-RFP podia igualmente participar nos grupos de trabalho. A referida coligação de opositores já tinha protestado por não ter sido convidada às consultas preliminares.
Os chefes de Estado dos países membros da CEDEAO ( Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) exigiram que a junta militar maliana adoptasse as disposições necessárias para a constituição imediata de um governo de transição chefiado por um civil, assim como organizar eleições no prazo de um ano.
Não são conhecidas a forma, nem a duração das discussões sobre a transição, que segundo a junta militar, no poder em Bamako desde 18 de Agosto, decorrerão igualmente nas capitais regionais sob a égide dos governadores locais.
De acordo com o coronel Ismaël Wagué, porta-voz do Comité Nacional para a Salvação do Povo, criado pelos militares, o diálogo nacional terá lugar, posteriormente de 10 a 12 de Setembro em Bamako.
Além da junta militar, partidos políticos e organizações da sociedade civil vão participar também no debate sobre o futuro do Mali, representantes de antigos grupos rebeldes, sindicatos e a imprensa.
Inicialmente a junta maliana tinha proposto uma transição política de três anos,sob a chefia de um militar.
O M5-RFP (Movimento do 5 de Junho-União das Forças Patrióticas) tinha sugerido um período de 18 a 24 meses, coordenado institucionalmente por civis.
Actualmente em prisão domiciliária, o ex-presidente Ibrahim Boubacar Keita, deverá abandonar o Mali, após ter sido hospitalizado durante a semana devido à um ligeiro acidente vascular cerebral. Com o acordo da junta militar o antigo chefe de Estado maliano poderá deslocar-se aos Emirados Árabes Unidos para cuidados complementares.
Vítimas de uma embuscada, pelo menos dez militares malianos morreram na sexta-feira, próximo da fronteira com a Mauritânia.
Início de discussões sobre transição no Mali marcado por tensões 05 09 2020
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