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Mali/Acordo de Paz

Mali: ONU acusa exército e segurança do Estado de obstrução ao processo de paz de 2015

O relatório de peritos da ONU sobre o Mali, ainda não divulgado, aponta responsabilidades directas das autoridades na obstrução à implementação do Acordo de Paz de Argel de 2015, são sobretudo visados os serviços de segurança do Estado e vários altos responsáveis malianos.

No Mali, responsáveis da segurança do Estado e oficiais do exército obstruiram a implementação do Acordo de Paz de Argel de 2015, segundo o relatório da ONU.
No Mali, responsáveis da segurança do Estado e oficiais do exército obstruiram a implementação do Acordo de Paz de Argel de 2015, segundo o relatório da ONU. AFP/Sebastien Rieussec
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Este relatório, que contrariamente aos precedentes se focaliza mais na acção dos grupos armados, considera sem qualquer sombra de dúvida que os serviços de segurança do Estado maliano se tornaram num instrumento ao serviço de uma "estratégia não oficial" elaborada "por um círculo restrito próximo do Presidente", visando atrasar a implementação do acordo de paz de 2015.

É praticamente impossível recensear todos os entraves documentados, mas os serviços secretos teriam, nomeadamente, encorajado a divisão no seio de vários grupos armados, com destaque para o CMA - Coordenação dos Movimentos de Azawad - e a Plataforma.

Para tal os serviços secretos teriam feito emergir em 2017 a coligação CME - Coordenação dos Movimentos de Entendimento, liderada por Mohamed Ousmane Ag Mohamedoune que seria, segundo o relatório, protegido pelos serviços de segurança do Estado e que é aliás alvo de sanções da ONU.

Outra prática foi a manipulação efectuada pelos serviços de segurança de listas de combatentes a serem desmobilizados e reinseridos na sociedade maliana e segundo o relatório a tarifa média para obter a reinserção no quadro do processo de DDR - Desarmamento, Desmobilização e Reintegração - é de 500.000 francos CFA, o equivalente a 760 euros.

No topo da segurança do Estado estava Moussa Diawara, pessoalmente citado várias vezes, o que o interessado considera "inadmissível", segundo um militar próximo deste responsável.

O chefe dos serviços de inteligência recusa todas as acusações e considera este documento da ONU uma tentativa de desestabilização num período particularmente difícil para o Mali, que atravessa uma grave crise política.

Intenso ballet diplomático em Bamako

O relatório dos peritos da ONU só deverá ser publicado no fim desta semana, mas as autoridades malianas decidiram desde já reagir e começou em Bamako um intenso ballet diplomático.

O chefe da diplomacia Tiébilé Dramé iniciou uma série de contactos com diplomatas de países membros do Conselho de Segurança da ONU, caso dos da França, Rússia e China, que recebeu esta segunda-feira (17/08).

Segundo um comunicado oficial, os encontros versaram sobre o relatório de peritos independentes da ONU sobre o Mali e o documento, ainda não tornado público, já foi transmitido ao Conselho de Segurança e o chefe da diplomacia maliana exprimiriTiébilé Dramé recebeu ontem os embaixadores de França, Rùssia e China, membros do conselho de segurança a quem manifestou o seu espanto, pelasa o seu "espanto", confiou à RFI uma fonte oficial.

Em primeiro lugar sobre as "fugas" em relação ao relatório e em seguida pelo seu conteúdo, designadamente a parte que cita os nomes de oficiais do exército, que teriam obstruído a implementação do acordo de paz.

Segundo apurou a RFI, outro documento de peritos, também ainda não publicado, dirigido ao Conselho de Segurança da ONU, inclui uma lista de 6 pessoas que poderiam ser sancionadas, entre eles do lado do governo, um antigo chefe de estado maior do exército e do lado dos grupos armados e aliados 5 nomes, entre os quais um chefe militar.

 

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