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Síria

Síria: pressionado, Trump ameaça a Turquia

Depois de ter anunciado no Domingo a intenção de retirar as tropas americanas do norte da Síria, zona onde os Estados Unidos têm estado do lado dos combatentes curdos, o presidente americano voltou atrás ontem à noite, sob pressão do seu próprio campo que o acusou de abandonar os seus aliados na Síria. Mas perante a eventualidade de uma operação turca contra os curdos, Trump avisou que iria "aniquilar a economia turca" se Ancara "ultrapassasse os limites".

Donald Trump na Casa Branca, ontem no dia 7 de Outubro de 2019.
Donald Trump na Casa Branca, ontem no dia 7 de Outubro de 2019. REUTERS/Kevin Lamarque
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Pouco depois de Donald Trump anunciar no Domingo que o seu país iria retirar as suas tropas do norte da Síria, altos responsáveis americanos tendo aliás confirmado a retirada de 50 combatentes das forças especiais, o Ministério da Defesa turco declarou ontem que estavam finalizados todos os preparativos com vista a uma eventual operação naquela zona.

Embora os países ocidentais e os Estados Unidos em particular reconheçam o papel desempenhado pelos curdos na luta contra os jihadistas do grupo Estado Islâmico, a Turquia considera-os como "terroristas" por terem elos com a guerrilha curda da Turquia, o PKK. Daí que o projecto de Ancara que foi inclusivamente objecto de um consenso em Agosto com os Estados Unidos, seus aliados no seio da NATO, consiste -num primeiro tempo- em tomar o controlo de uma faixa de 120 km de comprimento e 30 km de largura no norte da Síria no intuito de lá estabelecer uma "zona tampão", onde adensaria a distância entre o seu território e o caos sírio e onde também poderia acolher uma parte dos mais de 3 milhões de refugiados sírios que tem acolhido.

Perante os atrasos verificados na concretização deste projecto, a Turquia tem vindo a perder paciência e fê-lo saber a Trump que, por seu lado, já no passado mês de Dezembro tinha dado conta da sua intenção de retirar os soldados americanos da Síria, conforme prometido na sua campanha de 2016, uma decisão que até no seu campo foi criticada.

O Presidente em plena tempestade de "impeachment" não pode contudo prescindir do apoio do seu partido. Daí que hoje tenha assegurado que "os Estados Unidos estão a deixar a Síria mas que não abandonaram os curdos", depois de ameaçar "aniquilar a economia da Turquia" se "ultrapassasse os limites".

Ameaças que não funcionam com a Turquia cujo vice-presidente, Fuat Oktay, declarou que o seu país não "age em função de ameaças" e que "quando se trata da sua segurança, a Turquia segue a sua própria via".

Do lado dos curdos que qualificam a retirada americana de "facada nas costas", as milícias das Forças democráticas Curdas, avisam que "se os americanos evacuam a zona fronteiriça, serão obrigados, enquanto administração autónoma, a estudar todas as opções disponíveis", ou seja, discutir com Damasco ou Moscovo para evitar o vazio securitário que poderia - a seu ver- favorecer o regresso dos jihadistas do grupo Estado Islâmico.

Paralelamente, enquanto a Rússia refere não ter sido informada da decisão de Trump, o Irão -aliado de Damasco- apelou hoje ao "respeito pela integridade territorial" do país e a ONU, quanto a si, indicou estar a "preparar-se para o pior" em caso de nova crise humanitária naquele país cujo conflito matou desde 2011 mais de 370 mil pessoas e empurrou para o exílio outros milhões.

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Pressionado, Trump ameaça a Turquia

 

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