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Europa

Europa mais verde e mais extremista

Os partidos de extrema-direita foram os vencedores num escrutínio que ditou a maioria do bloco central no Parlamento europeu. A extrema-direita ganhou força em França, Itália, Hungria e Polónia e os Verdes Europeus passaram de 52 para 69 deputados.

Eleições europeias ditam mudança de figurino no Parlamento europeu
Eleições europeias ditam mudança de figurino no Parlamento europeu JOHN THYS / AFP
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Os partidos de centro perderam maioria absoluta no Parlamento Europeu após as eleições gerais deste domingo. Os partidos liberais e verdes ganharam espaço, assim como os grupos de extrema-direita e eurocépticos, que triunfaram na Itália e na França.

O parlamento europeu, tradicionalmente dominado pela dicotomia entre o Partido popular europeu, à direita, e os sociais-democratas, à esquerda, muda de figurino com as eleições europeias que ontem encerraram.

Estes dois partidos deixam de ter maioria no novo hemiciclo onde ecologistas e euro-cépticos reforçam substancialmente a sua posição.

O especialista em questões europeias no Instituto Português de Relações InternacionaisJosé Pedro Teixeira Fernandes, admite que doravante as coisas vão, mesmo, mudar.

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José Pedro Teixeira Fernandes, especialista em questões europeias no Instituto Português de Relações Internacionais

França

O partido de extrema-direita de Marine Le Pen venceu as eleições europeias em França, à frente do partido do presidente Emmanuel Macron.

A lista União Nacional obteve 23,31%, à frente da Lista Renascimento - que junta o partido de Emmanuel Macron, A República em Marcha (LREM) e outros grupos centristas - que conquista 22,41% dos votos.

A grande surpresa foi o partido Europa Ecologia Os Verdes de Yannick Jadot, antigo director do Greenpeace em França, que conquistou o terceiro lugar, com 13,47% dos votos.

O líder da lista União Nacional, Jordan Bardella, 23 anos, classificou os resultados de "um fracasso" do partido do governo, e indicou a derrota de Emmanuel Macron como um fracasso à política conduzida pelo Presidente e à sua visão europeísta.

A vitória de Marine Le Pen é dupla: não apenas conquista mais assentos parlamentares do que Emmanuel Macron para a próxima legislatura, de cinco anos, mas também obteve uma desforra depois das eleições presidenciais de 2017, em que perdeu para o candidato pró-Europa.

O Presidente francês fez sempre questão de se apresentar contra o populismo e como líder da refundação da União Europeia, a derrota representa um golpe duro em termos de imagem e influência no exterior.

A derrota do partido presidencial francês representa também um golpe a nível nacional, passados seis meses de crise política com os protestos dos "coletes amarelos", movimento que manifesta descontentamento dos franceses das classes mais baixa contra as políticas fiscal e social do governo francês.

Alemanha

A chanceler Angela Merkel temia que a direita nacionalista triunfasse. Os verdes conquistaram 20,5% do votos, passam a ser a segunda força política a seguir aos democratas-cristãos que obtiveram 28,90%, perdendo cinco eurodeputados. O Partido Social Democrata caiu para terceiro lugar, com 15,8% dos votos.

Áustria

O Partido Popular (ÖVP), de centro-direita, que está no poder, obteve um percentual recorde de 34,9% dos votos, apesar do colapso de sua coaligação com o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, por causa de um escândalo de corrupção.

O ex-líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, apareceu em um vídeo supostamente oferecendo contratos públicos para a sobrinha de um oligarca russo em troca de apoio a seu partido. Apesar disso, o FPÖ ficou em terceiro lugar com 17,5% dos votos.

Bélgica

O partido Vlaams Belang, de extrema-direita, conquistou apenas 4,3% dos votos.

Espanha

O Partido Socialista de Pedro Sánchez venceu confortavelmente nas eleições europeias em Espanha, um resultado que o presidente do governo tenta aproveitar para ganhar peso na Europa.

Os socialistas obtiveram 33% dos votos e 20 deputados dos 54 que a Espanha envia ao parlamento, muito à frente do conservador Partido Popular (20% dos votos, 12 assentos).

O Vox, de extrema-direita, conquistou mais de 10% dos votos nas eleições gerais espanholas em Abril, obteve apenas 6,2% agora.

A Espanha é o único dos seis grandes países do bloco onde, os socialistas venceram, numa União Europeia na qual os eurocépticos lideram os resultados na França e na Itália.

Grécia

O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, anunciou que convocará eleições antecipadas no país depois que seu partido, Syriza, obteve apenas 20% dos votos, sendo derrotado pelo partido conservador de oposição Nova Democracia, que obteve 33,5%.

Hungria

O partido Fidesz, de Viktor Orbán, conquistou 52% dos votos, que corresponde a 13 das 21 cadeiras do país.

Apesar de o partido ser identificado como de extrema-direita e anti-imigração, é filiado ao tradicional EPP, centro-direita no Parlamento Europeu. O EPP suspendeu, em Março, o Fidesz por sua retórica antieuropeia.

O grupo deve decidir se quer lutar para permanecer como centro-direita ou se juntar à emergente aliança nacionalista contra imigração.

Itália

A Liga Itália de Matteo Salvini, partido de extrema-direita, lidera as eleições europeias na Itália, com 30% dos votos. "Os meus aliados no governo são meus amigos", disse à imprensa vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, apelando ao parceiro de coligação que "volte ao trabalho com serenidade".

O Movimento 5 Estrelas (M5E), aliado à Liga no governo, obteve cerca de 20% , atrás do Partido Democrata (centro-esquerda), com 23%, que representa um revés para a formação anti-sistema no poder.

Portugal

Em Portugal, a surpresa da noite está no facto de o PAN ter elegido um deputado no Parlamento Europeu. O PS, o partido a que pertence o primeiro-ministro, é o que conquista um melhor resultado nacional. O CDS-PP é o grande derrotado e fica abaixo do PS, do PSD, Bloco de Esquerda e CDU.

Reino Unido

O partido Brexit, fundado no início do ano por Nigel Farage, é o grande vencedor  com 31,5% dos votos.

O Partido Conservador da primeira-ministra, Theresa May, sofreu um revés, com apenas 7,5% dos votos.

"Parece que será uma grande vitória para o partido do Brexit, o que me satisfaz", afirmou Farage, quando os primeiros resultados foram divulgados

Os pró-europeus, dos centristas do Partido Liberal-democrata, ficaram em segundo lugar, com 20,0% dos votos.

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