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Irlanda do Norte

Novo IRA admite responsabilidade na morte de jornalista Lyra McKee

Uma organização dissidente do IRA, os separatistas da Irlanda do Norte, o chamado Novo IRA, admitiu hoje a sua responsabilidade pela morte da jornalista Lyra McKee, durante motins na semana passada num bairro católico de Londonderry, no Ulster, enclave sob tutela do Reino Unido.

Lyra McKee, em Belfast, no 19 de Maio de 2017.
Lyra McKee, em Belfast, no 19 de Maio de 2017. Jess Lowe Photography/Handout via REUTERS
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Numa mensagem transmitida ao diário "The Irish News", o grupo apresenta as "suas sinceras e completas desculpas à companheira, à família e aos amigos de Lyra McKee pela sua morte" e refere que a jovem jornalista de 29 anos foi "tragicamente" baleada na noite da passada Quinta-feira quando "se encontrava junto das forças inimigas", durante os confrontos que envolveram as forças da ordem contra habitantes do bairro de Creggan em Londonderry.

A polícia indicou hoje ter detido uma mulher de 57 anos no âmbito das investigações sobre as circunstâncias da morte da jornalista, depois de num primeiro tempo ter detido dois jovens, respectivamente de 18 e 19 anos, que entretanto libertou sem reter nenhuma acusação contra eles.

O funeral da jovem deve decorrer amanhã em Belfast, capital da Irlanda do Norte, esta homenagem devendo contar nomeadamente com a presença do vice primeiro-ministro da Irlanda Simon Coveney.

Este episódio causou emoção na Irlanda do Norte onde ainda estão presentes as lembranças ainda muito recentes de uma História de violência. Mais de 3.500 pessoas perderam a vida em 30 anos de conflito entre os republicanos nacionalistas (católicos), partidários da reunificação da Irlanda, e os unionistas (protestantes) que defendiam a permanência da Irlanda do Norte sob tutela britânica.

Apesar dos Acordos da Sexta-feira Santa, em 1998 em que as forças britânicas se comprometiam a retirar-se e o IRA prometia desarmar-se, isto não marcou o fim da violência. A tensão e a desconfiança continuam presentes e, sobretudo, grupos armados continuam activos, nomeadamente o Novo IRA, grupo criado no período 2011-2012, que reivindicou acções como a explosão de um carro armadilhado no passado mês de Janeiro em Londonderry.

O clima político na Irlanda do Norte tem sido também de incerteza. Apesar de mostrar um rosto um unido na condenação da morte da jornalista Lyra McKee, os seis principais partidos do enclave, entre os quais unionistas e republicanos, que se comprometeram há mais de dois anos a formar um governo, continuam incapazes de chegar a um qualquer entendimento, o que leva a população a recear um reacender da conflitualidade.

Na óptica de Filipe Ribeiro de Menezes, professor de História na Universidade de Maynooth na Irlanda, a morte de Lyra McKee poderia servir de rastilho a um possível regresso da violência na Irlanda do Norte, mas nunca com a dimensão que conheceu no passado.

02:30

Filipe Ribeiro de Menezes, professor de História na Universidade de Maynooth, na Irlanda

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