Irão assinala 40 anos da Revolução Islâmica
O Irão assinala hoje os 40 anos da Revolução Islâmica. No discurso à nação, o Presidente Rohani afirmou que o “complot” norte-americano contra a República islâmica “falhou”e assegurou que o Irão vai continuar a desenvolver o programa de mísseis balísticos.
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Milhares de iranianos responderam ao apelo das autoridades e juntaram-se na praça Azadi, no centro de Teerão, para assinalar o quadragésimo aniversário da Revolução Islâmica no país.
Neste 11 de Fevereiro, dia feriado, os iranianos comemoram a queda do regime do Xá Mohammad Réza Pahlavi e, dez dias depois, o regresso do exílio de aiatola Rouhollah Khomeini, "pai fundador" da República Islâmica do Irão.
A vitória da Revolução Islâmica no Irão veio alterar a ordem geopolítica no Médio-Oriente e os efeitos dessas mudanças ainda se fazem sentir hoje.
Armin Arefi, jornalista franco-iraniano
Armin Arefi, jornalista franco-iraniano, comenta a forma como os jovens iranianos vivem esta data sendo "uma geração que se opoe muito a este regime...temos que avançar passo a passo...mas os duros no poder não querem largar nada e hoje sentem-se confortados por Donald Trump, que joga a seu favor, sancionando a República Islâmica e apelando em meias palavras a uma mudança de regime".
Em declarações à AFP, Clément Therme, investigador sobre o Irão no Instituto Internacional para os Estudos Estratégicos, reconhece que a mudança de regime foi “uma surpresa no Médio-Oriente”, onde o Xá Persa era visto como um “polo de estabilidade”.
O investigador admite que nos tempos de «Guerra Fria», o Irão foi um dos pilares da política americana na região contra a URSS. Porém, prossegue Therme, a política estrangeira do novo regime e sequestro de diplomatas americanos, na embaixada dos Estados Unidos (Novembro de 1979-Janeiro de 1981) vieram marcar o clima de hostilidade entre o Irão e os EUA, os dois países cortam relações.
Esta manhã, no discurso à nação, o Presidente Rohani afirmou que o “complot” norte-americano contra a República islâmica “falhou” e assegurou que o Irão vai continuar a desenvolver as capacidades militares e em particular o programa de mísseis balísticos.
Washigton estima que o desenvolvimento de mísseis pelo Irão viola a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que formalizou o acordo sobre o nuclear iraniano de 2015, uma interpretação rejeitada por Teerão.
Em 2018 Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do acordo de Viena e os países europeus signatários, que tentam salvar acordo, também não vêem com bons olhos o programa de mísseis iranianos.
O Irão, que volta a ser alvo de sanções norte-americanas, assinala esta data mergulhado numa crise económica sem precedentes, com a desvalorização da moeda, rial, associado a um elevado número de desempregados.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional, o Produto Interno Bruto do país deve recuar em cerca de 3,6% em 2019, principalmente devido redução da venda do petróleo.
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