China ameaça Taiwan
Os militares chineses apelaram a que a classe se preparasse para a guerra, nos objectivos para este ano, e num discurso hoje o presidente Xi Jinping afirmou que o país não renuncia à força para combater os independentistas de Taiwan. Arnaldo Gonçalves, especialista da China em Macau, denuncia este agravamento da tensão dos dois lados do Estreito da Formosa.
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Os militares chineses são instados a "preparar-se para a guerra". Um documento que consta do diário oficial do Exército popular de libertação que acaba de ser publicado, ao divulgar os seus objectivos para o ano de 2019.
"Preparar-se para a guerra tornou-se fundamental, tal deve ser o nosso eixo principal de trabalho", pode ler-se no documento.
Um exército que tem levado a cabo uma ampla modernização com investimentos muito avultados.
O caso é tido como sendo um aviso às autoridades da ilha secessionista de Taiwan.
As relações entre Pequim e Taipé deterioraram-se desde que a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen assumiu funções em 2016.
Esta é tida como sendo favorável à independência oficial da antiga Formosa.
Nestes últimos meses a China multiplicou as patrulhas no mar e no ar em torno de Taiwan.
Numa alocução a 2 de Janeiro de 2019 em Pequim o presidente chinês, comandante supremo das forças armadas, frisou que "a China não renunciará à força para combater as forças independentistas em Taiwan".
Por seu lado a presidente taiwanesa descartou, no mesmo dia, aceitar qualquer modelo do acordo político do género "um país, dois sistemas".
Este é o modelo que vigora nas regiões administrativas especiais de Hong Kong e de Macau, desde a transferência de soberania para a China dos antigos territórios britânico e português, respectivamente, em 1997 e 1999.
Arnaldo Gonçalves, especialista da China em Macau, ligado ao Instituto Politécnico, denuncia este agravamento da tensão dos dois lados do Estreito da Formosa.
Ele julga que que o presidente chinês estaria convencido de que "poderá vencer Taiwan, ou pelo menos sujeitá-lo a uma prova de força. "Não digo a invasão, mas, eventualmente, a possibilidade de o exército chinês neutralizar as plataformas anti-mísseis que existem em Taiwan e que defendem o território dos mísseis chineses."
Este académico, admitindo estar a especular sobre este contexto admite que Xi Jinping estaria convencido de que "poderá ganhar e isso terá a ver, eventualmente, com conversas que ele tem tido com Donald Trump e terá chegado à conclusão que, se a China tomar uma iniciativa de intimidação dessa natureza os Estados Unidos não intervirão".
Arnaldo Gonçalves, académico do Instituto Politécnico de Macau
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