Moscovo pede a Londres para se acalmar

O caso do suposto envenenamento no Reino Unido de um antigo agente duplo russo e da sua filha a 4 de Março continua a perturbar as relações entre Londres e Moscovo. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou os britânicos de voluntariamente decidirem derrubar as relações com a Rússia.

Ministro russo dos negócios estrangeiros Sergei Lavrov não poupa críticas ao Reino Unido. Vasily MAXIMOV / AFP

Numa deslocação ao Japão nesta quarta-feira o chefe da diplomacia russa foi explícito:

"Temos a esperança que os britânicos possam clarificar pelo menos dois pontos: primeiro onde é que estão Skripal e a filha ?

Segundo porquê que os responsáveis da polícia britânica disseram que a investigação duraria alguns meses e, simultaneamente, o governo já proferiu a sua sentença, sem esperar pela decisão de um tribunal ?

Não restam dúvidas que o governo britânico decidiu deliberadamente derrubar as relações com a Rússia.

Se esta tendência se mantiver sob a forma de novas iniciativas anti-russas ninguém obviamente abandonou o princípio da reciprocidade.

Penso que toda a gente teria a ganhar, a começar por Londres, se eles se acalmassem."

A 14 de Março a primeira-ministra britânica, Theresa May alegara não haver "outra conclusão a não ser a de que o Estado russo é culpado da tentativa de assassínio".

Dois dias depois o chefe da diplomacia britânica, Boris Johnson, visa muito especificamente o presidente russo Vlaidmir Putin. "Julgamos muito provável que se trate da sua decisão em mandar utilizar um agente neurotóxico nas ruas do Reino Unido, nas ruas da Europa, e isto pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial."

Nesta quarta-feira Moscovo contra atacou denunciando a "russofobia" de Londres e a responsabilidade britânica no "ataque terrorista" visando cidadãos seus.

Todos os embaixadores acreditados na capital russa foram convocados, para o efeito, ao Ministério dos negócios estrangeiros.

Vladimir Ermakov, responsável do controlo do armamento e da não proliferação lançou, mesmo, um repto a Londres:

"Saiam da vossa russofobia" ! Alegando não acusar ninguém este diplomata que ou as autoridades britânicas não podem fornecer a protecção necessária contra este tipo de ataque terrorista, ou então estão directa ou indirectamente ligados a ele.

"Qualquer substância tóxica militar teria feito muitas vítimas no local do envenenamento. Mas em Salisbury não foi o caso."

Ermakov insinuou que o agente tóxico proveniente do programa de armas químicas "Novichok" poderia ser de origem norte-americana.

Nesta crise diplomática o Reino Unido expulsara 23 diplomatas russos, medida idêntica foi tomada pela Rússia contra o mesmo número de diplomatas britânicos.