Turcos cercam Afrin
Na Síria os turcos estão prestes a isolar a capital da província de Afrin, que terá agora meio milhão de pessoas, entre residentes e deslocados. O ataque final à cidade poderá ocorrer esta semana.
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“Espero que Afrin caia esta noite”, disse hoje em Ancara o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. A cidade de Afrin, no noroeste da Síria, está totalmente cercada por tropas turcas e milícias aliadas do Exército Livre da Síria, 54 dias depois das forças armadas de Ancara terem passado a fronteira para o condado de Afrin, numa ofensiva militar que batizaram de “Ramo de Oliveira”.
Afrin, que até agora tinha escapado aos horrores de guerra civil na Síria, no seu oitavo ano, é controlada pelas milícias curdas sírias do YPG, que Ancara considera ser um grupo terrorista aliado ao PKK, os separatistas curdos que lutam há décadas contra Ancara, e que são considerados uma organização terrorista pela Turquia, pela UE e pelos EUA.
Apesar das autoridades turcas dizerem que a operação não é contra os civis curdos, apenas para eliminar a “ameaça terrorista”, vários observadores independentes, entre os quais a Amnistia internacional, dão conta de bombardeamentos indiscriminados e de várias centenas de vítimas civis – já morreram também pelo menos 42 soldados turcos.
A generalidade da comunidade internacional reconhece a legitimidade turca em defender a sua fronteira – alguns até admitem o estabelecimento de uma zona tampão, mas há cada vez mais desconforto com a operação, sobretudo agora que as tropas turcas cercam uma cidade onde estão concentradas centenas de milhar de civis. Entre as vozes mais críticas, a do ex-presidente francês François Hollande, que condenou há dias a “agressão turca” e o “silêncio do Ocidente”.
Erdogan quer ir bem mais longe: “Vamos limpar Afrin, e depois avançaremos sobre Manbij, no Eufrates, e mesmo sobre o norte do Iraque – vamos limpar toda essa área de terroristas”, disse hoje o presidente turco.
Correspondência de José Pedro Tavares
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