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Nações Unidas

Estados Unidos e Israel retiram-se da UNESCO

Os Estados Unidos e em seguida Israel anunciaram que vão retirar-se da UNESCO, alegando que esta instituição é anti-israelita, este decisão ocorrendo no preciso momento em que a entidade que enfrenta dificuldades financeiras devido à falta de pagamento das cotas de vários membros entrou num laborioso processo de eleição do sucessor da actual directora geral, a búlgara Irina Bokova.

A UNESCO é acusada de ser "anti-israelita".
A UNESCO é acusada de ser "anti-israelita". REUTERS/Philippe Wojazer/File Photo
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"Esta decisão não foi tomada de ânimo leve e traduz as preocupações dos Estados Unidos relativamente à acumulação de cotas por pagar, a necessidade de uma reforma profunda da organização e os seus posicionamentos anti-israelitas persistentes" referiu o Departamento de Estado americano em comunicado. Poucas horas depois, ao anunciar igualmente a sua retirada, Israel qualificou a UNESCO de "teatro do absurdo onde se reforma a História em vez de preservá-la". Para o embaixador de Israel junto da ONU, Danny Danon, "entramos numa nova era nas Nações Unidas em que quando se pratica discriminação Israel, é preciso pagar o preço".

O facto é que desde 2011, altura em que a Palestina foi admitida no seio da UNESCO, as relações entre esta instituição e os Estados Unidos e Israel têm vindo a deteriorar-se. Nessa altura, ambos os países suspenderam as suas contribuições financeiras que representam ao todo 20% do orçamento desta agência onusiana. No passado mês de Julho, altura em que UNESCO comunicou a sua decisão de declarar Hebron na Cisjordânia ocupada "zona protegida" do património mundial, os Estados Unidos e Israel anunciaram que iriam rever os seus elos com esta entidade, elos que hoje ficaram oficialmente cortados.

Esta decisão altamente simbólica não deixou evidentemente de suscitar reacções. Irina Bokova, a directora geral da UNESCO disse "lamentar profundamente" esta opção tomada pelos Estados Unidos e Israel. No mesmo sentido, a França onde está sediada a organização mas igualmente Moscovo expressaram o seu seu pesar, assim como o Secretário-geral da ONU, António Guterres, que insistiu sobre o papel importante desempenhado pelos Estados Unidos no seio da UNESCO desde a sua fundação" em 1946. Contudo, na óptica do analista Nuno Rogeiro, a decisão de sair não é irreversível.

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Analista português Nuno Rogeiro entrevistado por Isabel Pinto Machado

De salientar que ao anunciar hoje que se retiram da UNESCO, estes dois países não ficam todavia imediatamente fora da organização. Esta decisão só começa a ter efeito em finais de 2018, os Estados Unidos tendo referido que pretendem guardar o estatuto de observador no seio da instituição. Refira-se paralelamente que esta retirada, no tocante aos Estados Unidos, não é um facto inédito. Em 1984, quando Ronald Reagan era Presidente, o país retirou-se alegando para tal as "derrapagens orçamentais" da UNESCO. Washington só reintegrou esta organização em 2002.

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