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TURQUIA

Turquia em braço de ferro com a Alemanha

Turquia confirma a prisão de seis activistas dos direitos humanos. O Ocidente reage com indignação.  

O director da Amnistia Internacional na Bélgica, Philippe Hensmans, numa prisão perante a embaixada turca protestando contra a captura de Idil Eser, a 10 de Julho de 2017.
O director da Amnistia Internacional na Bélgica, Philippe Hensmans, numa prisão perante a embaixada turca protestando contra a captura de Idil Eser, a 10 de Julho de 2017. REUTERS/Francois Lenoir
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Se a detenção, no passado dia 5 de Julho, de dez activistas dos direitos humanos na Turquia – oito turcos e dois estrangeiros, tinha já causado um coro de protestos no Ocidente, a confirmação ontem pela Justiça turca de que seis dentre eles estão acusados de “apoiar uma organização terrorista” está agora a gerar uma onda de indignação um pouco por todo o lado.

Entre os detidos que vêem agora ser-lhes confirmada a prisão está a directora da Amnistia Internacional na Turquia, Idil Eser, e dois estrangeiros que na altura estavam a dar formação sobre segurança e gestão da informação digital ao grupo, o alemão Peter Steudtner e o sueco-americano Ali Gharavi.

A reacção do governo alemão foi forte – a chanceler Angela Merkel condenou a decisão, que classificou de “totalmente injustificada”, e prometeu tudo fazer para assegurar a libertação do cidadão alemão.

Berlim já convocou aliás o embaixador turco para protestar contra a situação, e o ministério dos Negócios Estrangeiros alemão emitiu um comunicado onde se lê que “é absurdo acusar um defensor dos direitos humanos e da democracia como Peter Steudtner de ter ligações com terroristas”.

Mais, o MNE alemão diz que “a Amnistia Internacional e outras ONGs desempenham um papel importantíssimo na promoção do pluralismo, de democracia e do respeito pelos direitos humanos na Turquia”.

Também os EUA condenaram o sucedido - Heather Nauert, uma porta voz da Casa Branca, disse que “acusações como esta, sem provas ou transparência, minam o Estado de Direto na Turquia.

Pedimos às autoridades turcas que desistam das acusações, e libertem os acusados, e que terminem o Estado de Emergência que permite estas acusações indiscriminadas”.

Há dias o embaixador americano em Ancara tinha visitado o escritório da Amnistia Internacional na Turquia, para mostrar o seu apoio – foi logo acusado de traição e de apoiar o terrorismo na imprensa pró-governamental.

O Governo anunciou precisamente esta semana que decidiu prolongar o Estado de Emergência por pelo menos mais três meses.

As autoridades turcas têm usado o Estado de Emergência, instaurado pouco depois do falhado golpe de estado há exactamente, um ano para deter, suspender ou despedir arbitrariamente centenas de milhares de pessoas, alegadamente associados aos golpistas, numa purga desproporcionada e cega – mas todos os observadores independentes sugerem que o Governo tem também utilizado o regime de excepção para afastar críticos e opositores, sejam eles políticos, activistas dos direitos humanos ou jornalistas.

O episódio marca mais um escolho na cada vez pior relação entre a Turquia e o Ocidente.

As relações entre Ancara e Berlim em particular estão a atravessar um período particularmente difícil.

Ancara tem mesmo recusado que deputados alemães visitem tropas do seu país estacionadas na Turquia no âmbito da luta contra o Daesh na Síria, e os dois países têm trocado acusações sobre a prisão de Deniz Yucel, um jornalista turco-alemão do Die Welt que está detido desde 14 de fevereiro, alegadamente devido a ter disseminado propaganda terrorista e de ter ligações aos separatistas curdos do PKK.

Confira aqui a crónica de José Pedro Tavares em Ancara

02:52

Correspondência de Ancara

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