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Venezuela

Venezuela, um país "na mó de baixo"

O ataque ao parlamento venezuelano, esta quarta-feira, é visto como mais um triste episódio de “um país que está na mó de baixo”. As palavras são de Fernando Campos, Conselheiro das Comunidades Portuguesas, a viver há 38 anos na Venezuela, que denuncia autocensura nas televisões e uma “economia totalmente perdida”.

Deputados venezuelanos foram agredidos, esta quarta-feira, em pleno Parlamento.
Deputados venezuelanos foram agredidos, esta quarta-feira, em pleno Parlamento. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Esta quarta-feira, no parlamento da Venezuela, em Caracas, apoiantes do presidente Nicolás Maduro invadiram a assembleia e agrediram vários deputados, tendo pelo menos cinco parlamentares da oposição ficado feridos. Maduro pediu a abertura de um inquérito e pediu à oposição para questionar incidentes decorridos nas suas próprias fileiras.

Fernando Campos, Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Venezuela, denuncia uma "passividade total" do governo perante o que aconteceu no Parlamento. As imagens que viu, através da internet, foram “uma barbárie, um ataque violento”.

“Existe uma autocensura, há um medo de passar as notícias. O pouco que estamos a ver aqui na Venezuela é através das redes sociais, é através de televisões privadas que funcionam unicamente na internet”, afirmou.

A viver há 38 anos no país, o gerente de escritório num supermercado, em Caracas, tem assistido à degradação do poder de compra das pessoas, descrevendo uma “economia totalmente perdida”, com as pessoas a procurarem alimentos nos caixotes do lixo, em bairros da classe média, em Caracas.

“É um país que está na mó de baixo. Um salário é aumentado 50% e compra-se metade das coisas que se comprava. Ou seja, é uma economia totalmente desajustada, totalmente perdida, uma desvalorização diária impressionante. Não entendo qual é a ideia das pessoas que nos estão a governar neste momento”, considerou.

O português, que chegou à Venezuela com 19 anos, não quer deixar o país até porque se sente também venezuelano, mas constata uma grave crise política, económica e social no seu país. Para ele, “os aumentos salariais por decreto são inflação pura” porque, por exemplo, “um pão que custava 5.000 bolívares, no dia seguinte já custava 5.500 e ontem já passou a 6.000”.

“Todos os dias as coisas aumentam de uma forma bárbara (…) Eu vejo, todos os dias, as pessoas no lixo, a buscar coisas no lixo. Até há certo tipo de alimentos para deitar fora que as pessoas já envolvem de maneira especial para que as pessoas que vão ao lixo possam encontrar isso de melhor maneira. Eu estou a vê-lo todos os dias e em zonas que eram chamadas de classe média”, completou.

07:25

Fernando Campos, Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Venezuela

A Venezuela atravessa uma das suas piores crises económica e política e está a ser abalada por uma vaga de protestos, na qual morreram cerca de 90 pessoas, em três meses. O presidente Nicolás Maduro lançou um projecto de Assembleia Constituinte, cujos membros devem ser eleitos a 30 de Julho, mas para a oposição trata-se de uma manobra para se manter no poder.

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