Atentado em Ancara visa manifestação a favor da paz
Um atentado neste sábado em Ancara provocou a morte de pelo menos 86 pessoas e feriu 186. O incidente visava activistas que se reuniam para uma manifestação anti-governamental prevista para a tarde de sábado sob a égide do partido pró-curdo , Partido Democrático Popular (HDP).
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Atentado deste sábado em Ancara, caracterizado por duas explosões sucessivas, ocorreu quando activistas e militantes do partido pró-curdo, Partido Democrático Popular (HDP) reuniam-se no ponto de partida para uma manifestação a favor da paz na Turquia, prevista para esta tarde na capital turca. Pelo menos 30 pessoas morreram e 126 ficaram feridas.
O presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou que o atentado no centro de Ancara é um acto odioso contra a unidade e a paz na Turquia. Um porta-voz do governo afirmou à agência noticiosa AFP, que uma investigação está em curso para identificar os autores do atentado. As autoridades policiais turcas privilegiam a pista terrorista como a eventual origem do ataque que segundo as mesmas, poderia ser um kamikze. Segundo o ministro da saúde da Turquia, Mehmet Müezzinoglu, 62 pessoas morreram no local do drama e 24 sucumbiram aos ferimentos no hospital. Perante as acusações de Selahatin Demirtas, líder do Partido Democrático Popular , que qualificou o Estado turco de máfia,o ministro do interior turco, refutou toda e qualquer negligência no tocante ao serviço de segurança destinado à manifestação
Esta atentado tem lugar quando a Turquia se prepara para organizar no dia 1 de Novembro, novas eleições legislativas, após o fracasso do Partido da Justiça e do Desenvolvimento(AKP) do presidente Recep Tayyip Erdogan em assegurar a maioria absoluta , no escrutínio de 7 de Junho último. O partido pró-curdo, Partido Democrático Popular(HDP) ao ganhar oitenta assentos na assembleia nas eleições de Junho, inviabilizou a obtenção da maioria absoluta pelos partidários de Recep Tayyip Erdogan e a consequente formação de um governo pelo AKP. O impasse obrigou o presidente Erdogan a convocar novas eleições.
Num comunicado divulgado neste sábado,o Partido dos Trabalhadores do Curdistão(PKK) afirmou que não levará a cabo ataques contra as forças turcas durante a campanha para as parlamentares. O gabinete do primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu informou através de uma nota oficial, que a campanha para as legislativas de 1 de Novembro será suspensa durante três dias.
A Turquia tem atravessado um período de violência política desde o passado mês de Julho, que se caracteriza por uma série de atentados e uma ofensiva das forças governamentais contra o PKK, com quem o governo de Ancara tinha assinado um acordo de cessar-fogo em 2013.
Segundo a investigadora e especialista das questões turcas, Djenira Couto, tudo leva a crer que há três semanas do novo escrutínio, este atentado poderia visar como objectivo a mobilização dos nacionalistas mais ardentes, hostis aos partidos de esquerda e ao PKK(Partido dos Trabalhadores do Curdistão, a favor do AKP(Partido da Justiça e do Desenvolvimento) do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Djenira Couto 10.10.2015
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