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Iraque/Grupo Estado Islâmico

Ocupação do grupo Estado Islâmico em Mossul completa um ano

Há exatos um ano, no dia 10 de junho de 2014, combatentes do grupo Estado Islâmico invadiam Mossul, a segunda maior cidade do Iraque. Nesse curto período, a organização conseguiu expandir seu domínio a várias cidades iraquianas e sírias, impondo um regime de terror, sob os olhares incrédulos do mundo inteiro e as falhas ações da comunidade internacional.

Combatente do grupo Estado Islâmico, na chegada dos jihadistas a Mossul, em 11 de junho de 2014.
Combatente do grupo Estado Islâmico, na chegada dos jihadistas a Mossul, em 11 de junho de 2014. REUTERS/Stringer
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Um ano depois da ocupação terrorista, Mossul continua a viver às sombras da dominação extremista. Dos dois milhões de pessoas que habitavam a cidade antes da chegada do grupo Estado Islâmico, cerca de um milhão permaneceu. A metade dos moradores fugiu logo nas primeiras semanas da invasão.

Traumatizados pela violência, muitos continuaram a deixar Mossul em massa. "Há quatro dias, eles atiraram três jovens do alto de um imóvel de seis andares", contou um morador da cidade ao repórter da RFI Daniel Vallot. "Ninguém sabe porque eles fazem isso. Eles aterrorizam a população de tal forma que ninguém ousa se revoltar", reiterou o habitante.

Projeto totalitário

De acordo com depoimentos de moradores colhidos pela RFI no local, líderes jihadistas instauraram um clima de medo e vigilância sistemática para eliminar qualquer dissidência, mas também impor um respeito estrito de suas regras no espaço público. "Há um número de brigadas, até mesmo femininas, que têm a função de fazer respeitar o islamismo radical nas ruas", explica o pesquisador Moussa Bourekba, do Centro das Relações Internacionais de Barcelona.

O objetivo, de acordo com o especialista, é de evitar qualquer comportamento antiislâmico ou ilícito. "A ideia não somente faz parte da ideologia do grupo Estado Islâmico, como de seu projeto totalitário, analisa Bourekba.

Alianças com as tribos

Os dirigentes extremistas também conseguiram colocar em prática uma administração política que mantém, bem ou mal, a maior parte dos serviços públicos de base. Para isso, foi conservado o aparelho administrativo já existente, eliminando funcionários considerados muito próximos do governo iraquiano.

"Eles delegaram uma parte da autoridade a responsáveis locais e a estabeleceram alianças com tribos sunitas, até então ignoradas. Essa dinâmica funciona melhor com essa população. Antes da chegada dos extremistas, os sunitas eram excluídos do regime e do exército, formados pela maioria xiita, e coordenados pelos Estados Unidos", observa Bourekba.

Rancor acumulado

Em Mossul, os jihadistas também conseguiram aproveitar o rancor acumulado durante uma década pela população sunita contra o governo iraquiano. A capacidade política surpreende não apenas os especialistas, mas também Bagdá e a coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, que combate do grupo extremista.

É o que explica que, um ano após a invasão de Mossul, a organização tirânica tenha conseguido manter os territórios conquistados e até mesmo conquistar muitos outros.

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