Acesso ao principal conteúdo
Terremoto

Com os campos devastados, fome se torna ameaça no Nepal

O balanço de vítimas segue aumentando no Nepal, uma semana após o terremoto que devastou o país no dia 25 de abril. Mais de 6,6 mil pessoas morreram, e o governo estima não haver mais nenhuma esperança de encontrar sobreviventes. As consequências catastróficas do terremoto continuam a ser sentidas, em nível econômico e sanitário. A fome começa a se tornar uma das principais ameaças, nesta que deveria ser a época de colheita de alimentos.

Alimentos são distribuídos pelo exército indiano no Népal.
Alimentos são distribuídos pelo exército indiano no Népal. REUTERS/Jitendra Prakash
Publicidade

Sébastien Farcis, enviado especial da RFI a Katmandu.

Os campos ao redor de Katmandu são de difícil acesso, por ser uma região montanhosa. Além disso, os moradores vivem distantes uns dos outros, tornando o trabalho das equipes de voluntários ainda mais complicado.

Na cidade de Nullu, as casas apresentam grandes fissuras e os moradores estão abrigados em tendas fornecidas pelo exército. “Dormimos todos dentro de uma barraca, mas não há espaço para todos. Temos uma fonte d’água, mas falta comida e medicamentos”, relata a moradora Leelan Chandra.

Um grupo de socorristas distribui tendas e medicamentos aos moradores de Nullu, antes de partir em direção a outro vilarejo. Eles sobem a montanha a pé, durante meia hora, até encontrar mais um aglomerado de casas destruídas. A primeira pessoa que encontram é um homem em lágrimas, que perdeu toda a família.

O vilarejo se espalha pendurado em uma colina, o que dificulta a assistência. “O exército levou tempo para nos encontrar. Eles vieram uma vez para avaliar as necessidades, mas nunca voltaram”, conta o líder da localidade, Rabindra Tamang. “Nos sentimos isolados”, completa.

Diáspora

A chegada dos voluntários representa um reconforto para as populações isoladas. Uma semana após o terremoto, os riscos de epidemia e falta de alimento aumentam. Pelo menos 10 milhões de pessoas foram afetadas pela catástrofe e, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, 3,5 milhões de pessoas deverão precisar de ajuda alimentar.

O terremoto aconteceu justamente em um momento crucial para a agricultura local: é na primavera que os agricultores colhem milho e trigo, além de começar o plantio do arroz. Se não puderem plantar agora, o país ficará sem arroz por um ano.

Economistas consideram crucial ajudar os camponeses para que eles possam voltar ao trabalho o mais rápido possível e plantar os cereais que são a base da alimentação dos nepaleses. Mesmo antes do terremoto, já havia uma previsão de queda de 5% na colheita, por causa da falta de chuvas.

Normalmente o Nepal depende da importação de alimentos, vindos da Índia e da China – dependência que aumentou 30% nos últimos oito anos. Um consolo é que as grandes plantações do sul do país não foram afetadas, ao contrário das outras regiões e vilarejos.

Existe também o temor de que os jovens camponeses partam buscar trabalho em outro país, aumentando a já enorme diáspora nepalêsa, que conta 3 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. O dinheiro que elas enviam ao Nepal corresponde a mais de um quarto do Produto Interno Bruto do país.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.