Acesso ao principal conteúdo
Israel/Irã/Nuclear

Irã deve reconhecer existência de Israel em acordo nuclear, diz Netanyahu

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião de emergência de seu gabinete de segurança nesta sexta-feira (3) para consultar a equipe a respeito dos avanços nas negociações sobre o programa nuclear iraniano, anunciados ontem. Ao final do encontro, o premiê disse que o Irã deve reconhecer a existência de Israel no acordo definitivo que será assinado até o final de junho.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. REUTERS/Baz Ratner
Publicidade

Em um comunicado divulgado após a reunião extradordinária, o governo israelense "condena por unanimidade" o acordo-quadro acertado ontem entre as grandes potências (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China, mais a Alemanha) e o governo de Teerã.

O presidente americano, Barack Obama, telefonou ao aliado israelense para garantir que os Estados Unidos serão rigorosos no controle das atividades nucleares do Irã. Obama explicou que se Netanhyahu quer garantias de que o Irã não fabricará a bomba atômica, "concluir um acordo de forma pacífica é a melhor solução".

"Mau acordo"

O único objetivo de Teerã é construir a bomba nuclear e o passo dado na direção de um acordo definitivo é perigosíssimo, avalia Netanyahu. Para os israelenses, o compromisso fechado na Suíça "é uma ameaça à existência de Israel". Netanyahu assegurou que vai combater "um mau acordo definitivo", previsto para sair até dia 30 de junho.

O premiê de Israel também advertiu contra os riscos de proliferação nuclear na região. Na lógica de Netanyahu, outros inimigos históricos de Teerã, como a Arábia Saudita, serão levados a desenvolver um arsenal nuclear para se proteger da ameaça iraniana - um argumento que Obama rebate propondo reforço na cooperação.

Ontem, além de conversar com Netanyahu, o presidente americano também telefonou ao rei da Arábia Saudita para tranquilizá-lo de que Washington vai reforçar a cooperação na área de segurança com as monarquias sunitas do Golfo, tradicionalmente rivais do xiismo praticado no Irã. Os seis países que formam o Conselho de Cooperação do Golfo foram convidados por Obama para um encontro de cúpula, ainda na primavera, em Camp David. O objetivo será discutir meios de reduzir a instabilidade no Oriente Médio.

Aumentando a pressão, o ministro da Inteligência israelense, Yuval Steinitz, declarou hoje que "todas as opções, incluindo militares", são analisadas por Israel para enfrentar a ameaça de um Irã dotado da bomba atômica. "Os sorrisos em Lausanne não correspondem à triste realidade", disse o ministro, já que "o Irã se recusa a fazer concessões sobre seu programa nuclear e continua a ameaçar Israel e outros países da região.

Israel pode ganhar a longo prazo

Ouvido pela RFI, o cientista político Thierry Coville, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris (Iris), disse que Israel e Arábia Saudita são, num primeiro momento, os mais prejudicados pela conclusão do acordo entre o Irã e as grandes potências. "Mas, a longo prazo, Israel vai se favorecer do compromisso, porque a normalização das relações entre os Estados Unidos e o Irã é necessária para acabar com o clima de instabilidade e a tensão permanente no Oriente Médio", avalia Coville.

O pesquisador do Iris acredita que a abertura econômica do Irã, que será gerada com a suspensão das sanções comerciais, vai favorecer as forças políticas moderadas no país, assim como a sociedade civil. "As coisas caminham na direção de uma política mais moderada no Irã, o que a longo prazo é bom para Israel", afirma Coville.

Compromisso

O Irã e as potências ocidentais chegaram a um acordo que prevê que mais de dois terços da atual capacidade de enriquecimento de urânio de Teerã, sejam suspensos e controlados durante dez anos. Assim, a maior parte do estoque iraniano será diluída ou enviada ao exterior, enquanto um acordo definitivo é preparado. De acordo com a imprensa iraniana, isso significa que o país manterá 6 mil de suas atuais 19 mil centrífugas. A ONU se encarregará de verificar o cumprimento do acordo e, em caso de cooperação iraniana, as potências ocidentais podem suspender as sanções a Teerã.

A questão das sanções, no entanto, é delicada, já que elas são impostas não apenas pela União Europeia, mas também pelos Estados Unidos. Para que elas sejam retiradas, é preciso que o presidente Barack Obama consiga o aval do Congresso, dominado pela oposição republicana, que desconfia da boa-vontade iraniana. Além disso, as potências pretendem suspendê-las gradualmente, de modo que possam ser restabelecidas em caso de descumprimento do acordo.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.