Divergências persistem entre potências e Teerã sobre programa nuclear iraniano
Reunidos em Viena (Áustria), o Irã e as potências nucleares correm contra o tempo para tentar chegar a um acordo sobre o programa nuclear iraniano, a poucas horas do fim do período de negociações, na noite desta segunda-feira (24). O diálogo permanece em um impasse e, neste domingo (23), fontes presentes na cúpula indicam que o prazo pode ser estendido de seis meses a um ano.
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Já faz 12 anos que Estados Unidos, Rússia, França, Grã-Bretanha, China e Alemanha negociam com o regime iraniano para tentar estabelecer as condições para Teerã desenvolver o seu programa nuclear, em troca do fim de sanções econômicas impostas ao país. A última rodada de diálogos começou na terça-feira.
Ainda que as duas partes prefiram concluir um acordo à possibilidade de adiar as negociações, os participantes admitem “divergências profundas” até o momento, sem entrar em detalhes. Neste domingo, as conversas se prolongaram até a madrugada e os intervalos entre as reuniões foram cancelados, na tentativa de acelerar um entendimento.
Prorrogação
De acordo com a imprensa iraniana, Teerã acha “impossível” haver um acerto durante as poucas horas que restam para negociar o texto. A agência iraniana Isna cita um negociador do país, segundo o qual não restará outra alternativa a não ser ampliar o prazo de diálogo.
“Tendo em vista o pouco tempo que nos resta antes da data-limite e o número considerável de questões que devem ser discutidas e às quais é preciso responder, é impossível chegarmos a um acordo amplo e definitivo até 24 de novembro”, declarou a fonte. “O princípio de uma prorrogação das discussões está na mesa e nós vamos começar a evocá-lo se não chegarmos a nenhum acordo até o fim da noite [de domingo]”, teria dito o negociador.
Série de reuniões
Neste domingo, os chanceleres americano, John Kerry, e iraniano, Mohammad Javad Zarif, realizaram a sexta reunião bilateral desde quinta-feira. Em seguida, Kerry se encontrou com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. À noite, o americano teve um jantar de trabalho com os ministros francês, Laurent Fabius, britânico, Philip Hammond, e alemão, Frank-Walter Steinmeier, além da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.
“Estamos fazendo o máximo. Ainda não podemos antecipar o resultado”, declarou Fabius.
O presidente americano, Barack Obama, reconheceu, em declarações à emissora ABC News, que ainda há "diferenças significativas" com o Irã, mas considerou que o acordo provisório com Teerã já foi um sucesso. "Agora, a pergunta é se podemos alcançar um acordo permanente", avaliou Obama na entrevista, gravada na última sexta-feira e divulgada neste domingo, antes da intensificação das discussões em Viena. Na mesma entrevista, o presidente dos Estados Unidos declarou que Teerã está “isolado”.
O objetivo do acerto é pôr fim aos temores das potências mundiais de que Teerã tenha condições de produzir armas nucleares. A República Islâmica nega que esteja tentando fabricar armas atômicas e insiste que seu programa é de uso exclusivamente civil.
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