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Mianmar/Conflito

Ong de defesa dos direitos humanos acusa Mianmar de realizar "limpeza étnica"

A organização Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos) acusou nesta segunda-feira, 22 de abril de 2013, Mianmar, ex-Birmânia, de realizar uma «limpeza étnica » contra a minoria muçulmana dos Rohingyas. A acusação foi imediatamente rejeitada pelo governo. A União Europeia suspendeu todas as sanções contra o país, com exceção do embargo sobre as armas.

Memobros da minoria Rohingya diante de uma escola que serviu de refúgio para famílias desabrigadas após as violências de junho de 2012.
Memobros da minoria Rohingya diante de uma escola que serviu de refúgio para famílias desabrigadas após as violências de junho de 2012. AFP PHOTO/Christophe ARCHAMBAULT
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Cerca de 800 mil Rohingyas, privados de nacionalidade pela antiga junta miltar que comandava o país, vivem confinados do Estado Rakhine, no oeste do país, palco em 2012 de duas ondas de violência assassinas entre budistas da etnia rakhine e muçulmanos.

Os Rohingyas, considerados pela ONU como uma das minorias mais perseguidas do planeta, foram vítimas de « crimes contra a Humanidade », sobretudo assassinatos e mudanças forçadas, segundo o relatório publicado nesta segunda-feira pela organização.

« Autoridades birmanesas, líderes comunitários e monges budistas organizaram e encorajaram » os ataques dos Rakhines contra os vilarejos muçulmanos em outubro, com o « apoio das forças de segurança », acrescenta o documento, baseado em uma centena de entrevistas.

« O governo birmanês realiza uma campanha de limpeza étnica contra os Rohingyas que continua hoje por meio da recusa da ajuda e das restrições de movimento », insistiu Phil Robertson, diretor-adjunto da Human Rights Watch para a Ásia.

As acusações foram feitas no mesmo dia em que a União Europeia suspendeu todas as sanções contra Mianmar, com exceção do embargo sobre as armas.

Uma decisão “prematura e lamentável”, comentou Robertson, avaliando que ela limitaria os meios de pressão para encorajar o regime a continuar as reformas começadas após a dissolução da junta em 2011.

O porta-voz do presidente Thein Sein acusou a organização de ter planejado a divulgação do relatório para coincidir com a decisão europeia e disse que o governo não dará atenção a um “relatório parcial”.

Se o termo de limpeza étnica não tem uma definição jurídica formal, observou Human Rights Watch, ele descreve geralmente a política de um grupo étnico ou religioso destinada a abolir de um território a presença de um outro grupo com métodos violentos e provocando medo.

Mais de 125 mil pessoas, em sua grande maioria Rohingyas, tiveram que abandonar suas casas devido à violência do ano passado e vivem atualmente em acampamentos improvisados onde a ajuda humanitária é limitada.

Segundo os dados oficiais citados pela organização, 211 pessoas foram assassinadas no ano passado, mas a Human Rights Watch acredita que o número real é muito maior.

 

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