Edil de Quelimane afastado, regressa em Fevereiro ?
O ex-edil de Quelimane Manuel de Araújo considera um atropelo à democracia a decisão do TA, que determinou a perda do seu mandato, por ele ter concorrido e vencido as eleições autárquicas pela Renamo e não pelo MDM pelo qual foi eleito em 2011 e 2013.
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Manuel de Araújo presidente da autarquia de Quelimane na província central da Zambézia está impedido de governá-la, a partir desta segunda-feira (21/01) por decisão do Tribunal Administrativo.
Eleito edil de Quelimane pelo MDM nas eleições autárquicas intercalares de 2011 e reeleito em 2013, em agosto de 2018 o Conselho de Ministros ordenou a perda do seu mandato, devido ao facto de Manuel de Araújo ter concorrido e vencido as eleições autárquicas de 10 de outubro do ano passado como cabeça de lista da Renamo.
Manuel de Araújo defende que o Conselho de Ministros recorreu a uma lei de julho de 1997, revogada em junho de 2018, no âmbito da revisão constitucional.
Guilherme Mbilana
Manuel António Alculete Lopes de Araújo interpôs recurso junto do Tribunal Administrativo pedindo a anulação da perda do seu mandato, mas a 21 de dezembro o TA considerou-o improcedente e ordenou a passação das pastas para o Presidente da Assembleia Municipal de Quelimane Domingos de Albuquerque, que assume interinamente os destinos da autarquia, até à tomada de posse a 7 de fevereiro dos novos órgãos eleitos nas quintas eleições autárquicas de 10 de outubro, devendo então Manuel de Araújo recuperar o seu mandato por decisão do conselho Constitucional, que validou a sua eleição.
Como refere o académico e especialista em assuntos eleitorais, Guilherme Mbilana, para quem o acórdão do Tribunal Administrativo só tem efeito no mandato de Manuel de Araújo enquanto Presidente do Conselho Municipal de Quelimane pelo Movimento Democrático de Moçambique - MDM - que termina a 7 de fevereiro e não tem qualquer efeito sobre o mandato para o qual ele concorreu e venceu pela Renamo nas eleições de 10 de Outubro de 2018.
"É legítima a perda de mandato [ordenada pelo Tribunal Administrativo] como orgão regulador das relações jurídico-administrativas no país...em relação aos efeitos para a eleição de Manuel de Araújo como Presidente do Conselho Autárquico por via da Assembleia Autárquica, penso que não há como contrariar a decisão do Conselho Constitucional, uma vez que as suas decisões são irrecorríveis, de caráter obrigatório e inapeláveis...e não vigora o princípio de retroactividade...o contrário seria levantar o tal alarme social, porque o princípio das eleições é a estabilisação das instituições democráticas".
O Conselho Constitucional declarou Manuel de Araújo vencedor das eleições de 10 de outubro, pelo que ele deverá tomar posse a 7 de fevereiro como Presidente do Conselho Autárquico de Quelimane, não podendo o Tribunal Administrativo mudar um acordão do Tribunal Constitucional, cujas decisões são definitivas, pelo que há uma "contradição jurídica".
Á margem da eleição de Manuel de Araújo pela Renamo a 10 de outubro, a Frelimo, partido no poder derrotado de novo em Quelimane, procedeu na passada quinta-feira (17/01) ao afastamento de vários quadros nesta cidade, entre os quais o seu primeiro secretário Pita Duarte Luís (eleito em 2012, reeleito em 2017, a priori até 2022) que foi interinamente substítuido por Faustino Nhacungo.
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