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Imprensa/Ucrânia

Putin sai fortalecido da negociação de paz, dizem jornais franceses

Tanto o Libération, que é de esquerda, quanto o conservador Le Figaro concordam: quem ganhou a queda de braço em torno da crise na Ucrânia foi Vladimir Putin. Depois da segunda noite de intensas negociações em Minsk, capital do Belarus, os presidentes da França, François Hollande, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, além da chanceler alemã, Angela Merkel, e do líder russo, costuraram um acordo que prevê um cessar-fogo a partir deste domingo (15) e uma zona desmilitarizada na região do conflito.

Para jornais franceses, Vladimir Putin tem nas mãos o destino da Ucrânia
Para jornais franceses, Vladimir Putin tem nas mãos o destino da Ucrânia REUTERS/Vasily Fedosenko
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Mas o texto final não cita a Crimeia, anexada unilateralmente por Moscou em março de 2014, nem determina que os 400 quilômetros de fronteira entre a Rússia e os territórios separatistas sejam passadas imediatamente para o controle internacional.

A capa do Libération mostra um Vladimir Putin sorridente, que olha de soslaio para a manchete "No fim das contas, o vencedor é ele". Para o jornal, ao reiterar o cessar-fogo de setembro do ano passado - que nunca foi posto em prática - e ignorar o destino da Crimeia anexada, o acordo deixa espaço suficiente para que a Rússia determine o futuro das regiões separatistas.

As autoridades reformistas de Kiev não queriam ouvir falar em federalização da Ucrânia, que ampliaria a autonomia dos territórios rebeldes. De fato, a palavra "federalização" não aparece no texto final. Mas, para o Libération, ela está implícita já que, na prática, a Ucrânia oriental permanece sob influência da Rússia.

Em editorial, o diário progressista chega a comparar o acordo de Minsk ao de Munique que, em 1938, abriu as vias para que Adolf Hitler ocupasse a Checoslováquia. E crava: raramente tivemos tão poucas razões para comemorar um acordo de paz.

Le Figaro: acordo não compromete diretamente o presidente russo

No editorial assinado por Phillippe Gélie, Le Figaro observa que cabe a Putin convencer os separatistas a aderir ao plano de paz, mas que ele não assinou nada que o comprometa. Basicamente, se Moscou retirar o apoio aos insurgentes, a capacidade militar deles cairá drasticamente, o que os obrigará a assumir um compromisso com Kiev. Mas como garantir o corte do auxílio militar, se o controle da fronteira permanece em mãos russas até o fim de um processo político que o jornal define como "aleatório"?

"Nem Moscou nem Kiev assinaram um cheque em branco", observa Le Figaro. Para o jornal, a grande conquista dessas 16 horas de negociações foi criar um mecanismo para verificar que "as atitudes (russas) estão de acordo com o discurso". No fim das contas, a Europa assumiu o fardo de um "processo de paz" sobre o qual a única coisa que ela pode fazer é esperar.

Trégua com Hollande

Tradicionalmente crítico do presidente socialista, Le Figaro reconheceu o esforço de François Hollande dessa vez. Até elogiou como um sucesso da diplomacia econômica francesa a venda de 24 caças Rafale para o governo egípcio por pouco mais de 5 bilhões de euros. O negócio foi fechado também na quinta-feira (12) e, de acordo com o presidente, nasceu de um esforço do Estado e terá um impacto positivo sobre o emprego.

É o primeiro contrato de exportação dos equipamentos. O Brasil esteve perto de comprar uma frota de Rafales, mas acabou fechando contrato com o sueco Grippen.
 

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