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Cultura/Arte

Modelo nua da tela "A origem do mundo", de Courbet, é identificada

A tela mostrando ostensivamente o sexo de uma mulher, do pintor francês Gustave Courbet, causou escândalo  em 1866 e é considerada uma das obras mais famosas do mundo por sua ousadia. Mas neste fevereiro de 2013, um fato novo veio estremecer a história das artes e questionar as intenções de Courbet: há dois anos, um colecionador amador comprou de um antiquário parisiense, um óleo sem assinatura retratando o rosto de uma mulher, que pode ser parte superior da famosa tela.  

Capa da revista francesa Paris Match que revelou a descoberta.
Capa da revista francesa Paris Match que revelou a descoberta.
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Depois de comprar o quadro por 1.400 euros ( cerca de 3.700 reais), o colecionador, que não teve o nome revelado, começou a consultar especialistas para descobrir o artista. Depois de dois anos de pesquisas, ele apresentou a obra a Jean-Jacques Vernier, vice-presidente do Instituto Courbet. Vernier admite que a tese do proprietário, ou seja, de que sua tela poderia ser a outra parte de "A origem do mundo", pode ser exata, hipótese confirmada por testes científicos. Os pigmentos, por exemplo, são idênticos aos utilizados por Gustave Courbet.

O rosto do corpo mais famoso do mundo é o de Joanna Hiffenan, companheira na época do pintor americano James Whistler, que posava para os dois artistas. Tecnicamente, "A origem do mundo" teria sido cortada da tela inteira, que incluía o rosto de Joanna. A tela está exposta desde 1995 no Musée d'Orsay.

Uma das hipóteses dos marchand e historiadores é que, na época, tal obra não poderia ter a identidade de seu modelo revelada. Courbet, por seu lado, poderia ser preso se a tela fosse exposta ao público, por atentado ao pudor.

A história do quadro

Esta é a tela mundialmente conhecida de "A origem do mundo", exposta no Musée d'Orsay desde 1995.
Esta é a tela mundialmente conhecida de "A origem do mundo", exposta no Musée d'Orsay desde 1995.

Encomendada por Khalil-Bay, um diplomata turco para sua coleção particular de obras eróticas, "A origem do mundo" foi pintada em 1866, sendo considerado o trabalho mais provocante de Gustave Courbet. A ousadia do pintor já havia causado sua expulsão do Salão de Paris, em 1863, por ultraje à moral religiosa. No ano seguinte, "Vênus e Psichê" foi rejeitada da mostra por indecência, não podendo participar nem mesmo do Salão dos Recusados, paralelo ao Salão oficial.

Em 1868, o dono do quadro, arruinado pelo jogo, vendeu sua coleção a um antiquário, Antoine de la Narde. O Barão François de Hatvany foi o proprietário seguinte, tendo levado o quadro a Budapeste, onde um colecionador húngaro o conservou até a Segunda Guerra Mundial. Um detalhe: a tela estava oculta por outra de Courbet, O Château de Blonay. Posteriormente seria retirada da moldura e comprada pelo museu de Belas Artes de Budapeste.

O último proprietário do quadro foi Jacques Lacan. Ele comprou a tela com a companheira, Sylvia Bataille, em 1955, para decorar sua casa de campo em Guitrancourt, em Yvelines, na periferia de Paris. Depois da morte de Lacan e de Sylvia, a família doou o quadro ao Musée d'Orsay, em 1995.
 

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