Na Síria, manifestantes protestam e tropas atiram
As forças do regime do presidente Bachar al-Assad não hesitaram em abrir fogo nesta sexta-feira contra os milhares de manifestantes mobilizados em todo o país, principalmente em Damasco, um dia depois do duplo atentado mais violento em 14 meses de revolta. No plano diplomático, na próxima segunda-feira a União Europeia vai impor novas sanções contra o regime de Bachar al-Assad.
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No bairro de Tadamone, na capital Damasco, tradicionalmente conhecido como hostil ao regime, cinco pessoas ficaram feridas durante as passeatas de protesto ao governo. Em Hama, no centro, e Alep, no norte (onde um manifestante foi morto) e Hassaka, no nordeste, as tropas governamentais também atiraram na população.
Corajoso, o povo não hesitou em sair às ruas, apesar do gigantesco arsenal presente em diversas cidades. Milhares de pessoas continuam pedindo a dissolução do regime ditatorial de Assad, acusado pelos opositores de ter organizado o duplo atentado.
Segundo o Observatório sírio para os Direitos Humanos, 938 pessoas, entre elas, 662 civis, morreram em confrontos desde a "trégua", que entrou teoricamente em vigor em 12 de julho passado.
O Conselho de Segurança da ONU pediu ao regime e à oposição que cessem toda a forma de violência armada, de acordo com o plano do mediador Kofi Annan, que prevê um cessar-fogo e a retirada do exército das cidades.
Para a Síria, que assimila os rebeldes a terroristas e não reconhece a contestação popular, os atentados provam que a Síria é alvo de um complô terrorista financiado pelas potências estrangeiras.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que teme uma guerra civil de grande envergadura, com efeitos catastróficos.
As violências na Síria já deixaram mais de 12 mil mortos desde março de 2011, a maioria, civis.
Hoje, o governo anunciou que impediu um atentado-suicida em Alep, a segunda cidade mais importante do país.
União Europeia e sanções
Na segunda-feira, dia 14 de maio, a União Europeia vai dar seu aval a novas sanções contra a Síria, congelando os bens de duas empresas e três pessoas consideradas como fontes de financiamento do regime de Bachar al-Assad. As pessoas em questão também terão seus vistos proibidos para entrar na Europa.
Será a décima-quinta vez que os 27 países europeus sancionam a Síria, desde o começo da repressão, sanções que já englobam um embargo petrolífero e um embargo de armas.
Atualmente, 126 pessoas e 41 empresas são alvo de sanções europeias, que envolvem o banco central sírio, o comércio de metais preciosos e voos de carga.
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