Cardeal Barbarin vai apresentar renúncia ao papa
O cardeal francês Philippe Barbarin foi condenado, esta quinta-feira, a seis meses de prisão com pena suspensa e anunciou que vai apresentar a sua renúncia ao papa “nos próximos dias”.
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O mais alto dignitário da Igreja Católica em França, o cardeal Barbarin, foi considerado, esta quinta-feira, culpado por não-denunciação de abusos sexuais sobre crianças pelo padre Bernard Preynat, que teria abusado de mais de 70 escuteiros da diocese e que deverá ser julgado no final do ano.
O cardeal Barbarin e Régine Maire, antiga benévola da diocese de Lyon, eram também acusados de não terem prestado ajuda às vítimas e de terem deixado o padre Preynat em contacto com crianças até Setembro de 2015, ainda que as queixas remontem, essencialmente, aos anos 80.
O tribunal correccional de Lyon decidiu, assim, pronunciar seis meses de prisão com pena suspensa para o cardeal. Os advogados de Defesa afirmaram que vão recorrer da sentença.
Apesar de não ter estado presente na audiência, o cardeal Barbarin anunciou, pouco depois, em conferência de imprensa, que vai apresentar a sua renúncia ao papa nos próximos dias.
“Tomo nota da decisão do tribunal. Independentemente do meu destino pessoal, quero reiterar, em primeiro lugar, a minha compaixão para com as vítimas e o espaço que elas e as suas famílias têm nas minhas preces. Decidi ir ver o Santo Padre para lhe apresentar a minha renúncia. Ele vai receber-me daqui a alguns dias”, afirmou o arcebispo de Lyon.
Declaração do cardeal Philippe Barbarin
François Devaux, um dos queixosos e fundador da associação “La Parole Libérée” - que deu origem ao filme “Grâce à Dieu” de François Ozon que saiu há uma semana – afirmou que “os tempos mudaram sem dúvida”.
“Trata-se de uma mensagem forte enviada à Igreja de França e do mundo e ao próprio papa Francisco. Talvez isto os ajude a reposicionar a sua dimensão um pouco sagrada e os traga de volta à terra”, afirmou François Devaux.
Absolvição por prescrição para cinco antigos membros da diocese de Lyon
O tribunal absolveu cinco antigos membros da diocese de Lyon por considerar que os factos estavam prescritos. Eles eram também acusados de “não-denunciação de agressões sexuais sobre menores de 15 anos”.
Nos últimos três anos, as revelações sobre o cardeal Barbarin incarnaram a crise da Igreja francesa face à pedofilia. A sentença foi ditada cerca de duas semanas depois da cimeira inédita no Vaticano sobre pedofilia na Igreja Católica.
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