Discurso do presidente Macron sem soluções à crise social
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou hoje no Eliseu uma "grande concertação de terreno sobre a transição ecológica e social" que deve permitir nos próximos 3 meses, responder ao descontentamento dos coletes amarelos, "elaborando soluções e métodos de acompanhamento". Pura retórica e teimosia do presidente, replica a oposição e o movimento dos coletes amarelos.
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Como era aguardado, o chefe de Estado francês, Macron, fez hoje um discurso solene no Eliseu, sobre a situação de crise social que vive a França, anunciando um vasto debate nacional sobre a transição ecológica.
Emmanuel Macron, declarou ter ouvido o grito de revolta do movimento dos coletes amarelos, mas insistiu na necessidade de continuar com as reformas no país, como prometeu durante a campanha das presidenciais.
Mas, referindo-se à problemática do nuclear, no âmbito da transição energética em França, Macron realçou que durante a sua campanha para a eleição presidencial não prometeu o fim da energia nuclear.
Presidente Emmanuel Macron 27 11 2018
Para o presidente francês, não se pode dizer uma coisa, na segunda-feira, e mudar de discurso na terça-feira, acrescentando que pretende mudar de "método", mas não do foco central da sua política fiscal.
Nesta linha de pensamento, Macron, defende um debate nacional aberto a associações, eleitos e "representantes dos coletes amarelos", sobre a "transição ecológica e social", com vista à criação dum "novo modelo económico, social e territorial " que forneça "soluções e métodos de acompanhamento".
Fica ao critério do primeiro-ministro, Édouard Philippe, precisar como "construir este método comum de trabalho", sublinhou, o chefe de Estado.
Para lá do discurso de método, o presidente Emmanuel Macron, não anunciou medidas concretas sobre as expectativas dos coletes amarelos que bloqueiam o país, há quase duas semanas, exigindo a retirada da nova taxa dos combustíveis, a quebra nos preços de gasolina e gasóleo e o aumento do poder de compra.
Reagindo ao discurso de Macron, na oposição, Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, denunciou "mentiras sobre as chamadas vantagens da energia perigosa, teimosia na catástrofe industrial e financeira do EPR, reactor nuclear europeu de água pressurizada".
Macron fez a prova dos 9, de que se submeteu ao lobby nuclear", sublinhou, Jean-Luc Mélenchon.
Por seu lado, Marine Le Pen, presidente da União Nacional, reagiu, dizendo que a "aqueles que se interrogam sobre as dificuldades do dia-a-dia, Emmanuel Macron respondeu: encontro dentro de 3 meses..." "Confusão total do discurso presidencial e vazio absoluto em termos de soluções", acrescentou, Marine Le Pen.
Para Daniel Fasquelle, deputado dos conservadores, Republicanos, é "tempo do presidente acordar porque o que ele propõe sobre preços dos combustíveis e cálculo das taxas, foi proposto pelo seu partido na Assembleia nacional".
Por sua vez, a centrista, Sarah El-Haïry, porta-voz do MoDem, "o presidente da República deu um novo prisma para vermos o nosso futuro que é a revolução verde que afectará o emprego e a saúde, transporte, indústria, habitação, energia e agricultura".
Julien Bayou, porta-voz da Europa Ecologia/Verdes, critica, dizendo: 48 mil mortos por ano devido à poluição, e em vez de agir, Macron vai relançar 3 meses de concertação, um Alto conselho, 10 anos depois da conferência Grenelle do meio ambiente e 5 anos após a conferência ambiental.
As únicas injustiças sociais e fiscais seriam aquelas provenientes da transição ecológica?, pergunta, Laurence Rossignol, senadora do Partido socialista.
Enfim, nas redes sociais, o movimento de descontentamento dos coletes amarelos, reage, confirmando, que as manifestações vão continuar, porque as suas reivindicações não foram tidas em conta pelo Presidente Macron.
Presidente francês Macron sobre crise social em França
Para Hermano Sanches Ruivo, Vereador da Câmara de Paris, o movimento terá de se estruturar para alcançar os seus objectivos.
Hermano Sanches Ruivo, Vereador Executivo da Câmara de Paris
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