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França

Fome no mundo pobre e crise alimentar numa França rica

Dois relatórios, um da FAO, afirmando que a fome aumentou no mundo, em 2017, e outro da ONG, Socorro Popular francês, denunciando o drama de 39% de franceses que passam por privações alimentares, em França, quinta potência mundial.

Comida no prato primeira despesa sacrificada por franceses com dificuldade financeiras
Comida no prato primeira despesa sacrificada por franceses com dificuldade financeiras AFP/Philippe Desmazes
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A fome no mundo aumentou, em 2017, pelo 3° ano consecutivo, provocada por conflitos e mudança climática, afirma, num relatório publicado, esta terça-feira, a FAO, Organização da ONU para a alimentaçao e a agricultura.

Cerca de 821 miliões de pessoas sofrem da fome na Ásia, em África e na América latina, o que representa 1 em cada 9 pessoas, sublinha a FAO, no relatório 2018 sobre o estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo.

No continente africano, as situações mais graves, são as da Somália e do Sudão do sul.  

Noutro extremo, 672 milhões de adultos, quer dizer mais de 1 em 8 adultos, (13%), são obesos, nomedamente, na América do norte, contra 600 milhões em 2014.

A fome está em crescente aumento nos últimos 30 anos, após um declínio de 10 anos, indica o relatório.

"Esta regressão significa que temos que fazer muito mais se quisermos atingir o objectivo Fome Zero até 2030", acrescenta o relatório 2018 da FAO, referindo-se aos objectivos de desenvolvimento sustentável da ONU adoptados em 2015.

Segundo o documento, " a situação agrava-se na América latina e na maioria das regiões de África e a tendência para uma baixa de sub-alimentação na Ásia estagnou-se fortemente".

As causas deste aumento da fome são múltiplas, como alterações climáticas, com secas e inundações, mas também guerras e crises económicas. 

De notar que a publicação do relatório da FAO, coincidiu com a divulgação de um relatório da ONG, Socorro Popular francês, afirmando que 39% da população em França, em 2018, passam por privações mútiplas, como alimentares.

Há, portanto, um aumento de 2%, em relação aos 37% de 2017. Um francês em cada 5, 20%, afirma ter dificuldades em ter uma alimentação sã para garantir 3 refeições diárias, sublinha o relatório.

"A intensificação da pobreza em França prossegue uma tendência preocupante e a crise económica de 2008, a mais grave desde a segunda guerra mundial, favoreceu uma progressão das desigualdades, entravando mobilidade social dos mais modestos, acrescenta Socorro Popular francês.

Socorro Popular francês, organismo de assistência alimentar distribui diariamente milhares de refeições grátis ou vende alimentos a preços módicos a pobres. 

O relatório é divulgado a 2 dias da apresentação da estratégia de luta contra a fome, na quinta-feira, do Presidente francês, Emmanuel Macron.

Parece paradoxal falar-se de pobreza, em França, terceira potência económica e financeira, segunda em termos militares, na Europa, e quinta potência mundial.

Mas é verdade e os números não são desmentidos, e estão a crescer, porque em 2015, havia 9 milhões de franceses a viver no limiar da pobreza, e agora temos este salto para quase 40% de franceses que não conseguem ter 3 refeições dia.

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