Procurador abre inquérito sobre ministro francês suspeito de peculato
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As primeiras páginas dos jornais franceses estão dominadas por questões de política e social interna mas a nível internacional há também os Estados Unidos de Trump que se afastam da Europa.LE MONDE, titula Ferrand: a linha de defesa do executivo francês fragilizada. A procuradoria de Brest abriu um inquérito preliminar após novas revelações da imprensa sobre práticas de Richard Ferrand, ministro da Coesão territorial.Por seu lado, o ministro da justiça, François Bayrou, devia apresentar hoje a sua proposta de lei sobre a moralização da vida pública, primeiro texto emblemático do mandato de 5 anos do presidente Macron. O Presidente apelou ontem o governo durante o conselho de ministros à solidariedade com o ministro enquanto para o primeiro ministro, Édouard Philippe, as práticas de Ferrand são legais, mas deixaram de ser toleradas.Juristas vêem estas coisas duma outra maneira, porque o caso é público envolvendo dinheiros públicos e abuso de confiança que o artigo 314 do código penal sanciona como delito, pena de 3 anos de prisão e uma multa de 375 mil euros, sublinha LE MONDE.Moral e Política, o eterno retorno, titula LA CROIX. Os factos apontados contra o ministro Richard Ferrand, são por ora da esfera moral já que ainda nenhum acto ilegal lhe foi imputado. Para o magistrado, Denis Salas, de agora em diante, deve-se ter em conta a exigência moral dos cidadãos sem se entrar nos excessos.Em termos jurídicos, refere-se que quando Richard Ferrand, saiu do PS em 2012 abandonou o seu posto de director da Mutualidade de Bretanha, proprietária da Imobiliária, que a sua companheira viria a adquirir, o agora ministro, continuou a ter um salário mensal de 1250 euros líquidos como encarregado de missão, sublinha o jornal católico, LA CROIX.Mudando de assunto, mais ainda em França, L'HUMANITÉ, titula André, Tati, Whirlpool... Macron, dando corda ao relógio das montras, referências a essas lojas comerciais que estão por encerrar as portas despedindo os empregados que até hoje não receberam qualquer resposta sobre a perenidadee dos seus empregos.A nível internacional, o que a imprensa francesa destaca mais, é Europa, Estados Unidos e Trump. Europa, Obrigado Trump, é o titulo do LIBÉRATION que encima a foto da chanceler alema Merkel e do presidente francês Macron, fazendo adeus a um Trump invisível. A virulência do presidente americano tendo como pano de fundo o Brexit poderia paradoxalmente acelerar o eixo franco-alemão para finalmente tirar a União europeia da sua crise.Os dirigentes europeus ficaram desiludidos com a recente visita de Trump à Europa, onde reafirmou a sua política de América em primeiro lugar, com LIBÉRATION, a citar a chanceler alemã, dizendo: "nós devemos lutar, enquanto, europeus pelo nosso futuro e nosso destino. Uma reacção ao discurso de Trump, na NATO, exigindo que os europeus paguem as suas quotas como está estipulado no artigo 5° do tratado do atlântico norte, se quiserem continuar a contar com a defesa americana que custa muito aos contribuentes americanos.Trump, alarga o fosso entre a América e a Europa, relança LE FIGARO. O seu périplo europeu permitiu medir a diferença de pontos de vista que há entre as duas margens do Atlântico, um frio inédito que poderia estimular o par franco-alemão. Após a sequência diplomática da cimeira da NATO em Bruxelas e aquela do G7 na Sicília, um clima de gelo instalou-se entre Donald Trump e os europeus.Ao golpe desferido pelo bilionário americano à credibilidade da NATO, acrescenta-se o repúdio anunciado do tratado de Paris sobre um dos raros êxitos planetários da diplomacia. É com Berlim que as tensões são mais vivas, com a chanceler Merkel a considerar que a era da confiança mútua passou à história. Uma bruma inédita poderia acordar uma Europa adormecida, sublinha LE FIGARO.E terminamos com uma nota literária, do suplemento LA CROIX, a destacar o escritor português, António Lobo Antunes e o seu último romance, Para Aquela que Está Sentada no Escuro à Minha Espera, uma obra sobre a morte e a memória. Na obra do romancista Lobo Antunes, o desespero é energia e poesia, como "o gato quando me roça entre as pernas e por um instante recordei-me do meu pai" uma escrita, cheia de silêncio e associações de ideias que nos cativa, sublinha LA CROIX..