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França/Homofobia

Atos de homofobia recuam 38% na França, mas fenômeno está enraizado

O 19° relatório anual da associação SOS Homofobia, que registra queixas de agressões contra homossexuais na França, revela que os atos homofóbicos recuaram 38% no ano passado, depois de atingir o ápice em 2013 durante a tramitação do projeto de lei que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Capa do 19° relatório anual da associação SOS Homofobia.
Capa do 19° relatório anual da associação SOS Homofobia. facebook.com/pages/SOS-homophobie
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O documento, divulgado nesta terça-feira (12) em Paris, destaca, no entanto, que "o ódio e a violência contra os homossexuais se manifestam com a mesma intensidade". A internet continua sendo o principal espaço de demonstração da homofobia.

Em 2013, a SOS Homofobia registrou 3.517 atos homofóbicos em todo o território francês, contra 2.197 em 2014. "Os números são menos catastróficos", nota a edição de hoje do jornal Le Monde, mas eles demonstram um "enraizamento" da homofobia na França, segundo o presidente da associação, Yohann Roszéwitch.

O país viveu um período de protestos turbulentos antes da adoção da lei sobre o casamento gay, promulgada oficialmente em 18 de maio de 2013. Na época dos debates parlamentares e das manifestações de repúdio de grupos conservadores, como o movimento "Manif pour Tous", houve uma explosão das agressões contra homossexuais. Para dar uma ideia da virulência, os incidentes aumentaram 80% de 2012 para 2013. Promulgada a lei, a poeira baixou e as uniões entre pessoas do mesmo sexo se banalizaram. Desde o início do ano, a França já celebrou 10 mil casamentos entre homossexuais. Porém, os atos homofóbicos, estimados em 2.197 segundo a SOS Homofobia, continuam num patamar superior a 2011, que teve 1.556 incidentes.

Vítimas relatam agressões

A homofobia é vivida como um desconforto e um preconceito cotidiano pelos homossexuais, seja na família, no ambiente escolar ou professional. "Existe uma homofobia ordinária persistente", diz Roszéwitch. Um dado positivo é que as vítimas têm perdido o medo de falar no assunto e procuram a SOS Homofobia para descrever detalhes das agressões que sofrem. As mais comuns são os xingamentos, as cuspidas de desprezo e os golpes contra a integridade física, que passam por socos, pontapés e objetos lançados contra a cabeça da vítima. Dezenas de casos de pessoas expulsas de casa por causa da homossexualidade e de assédio moral também chegam à SOS Homofobia.

O relatório da associação traz dois relatos contundentes. A jovem Violette, de 18 anos, teve o braço quebrado pelo próprio pai quando revelou ser homossexual. Ele disse à adolescente que ela iria "morrer de sofrimento". O casal Pierre e Miguel, depois de mudar para uma cidade pequena, foi perseguido por um vizinho que ameaçou matá-los com um revólver.

Coibir os atos homofóbicos nas redes sociais é um dos desafios da associação, que reconhece a cooperação crescente das empresas do setor. O Twitter tem retirado do espaço "tendências" palavras de conotação homofóbica. Facebook e Google também assinaram parcerias com o mesmo objetivo.

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