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França

Relatório traz dados inéditos sobre suicídio infantil na França

O documento, entregue nesta quinta-feira ao governo francês, levanta o debate sobre um tema delicado: o suicídio entre as crianças.  Para o psiquiatra Boris Cyrulnik, autor do documento, 16% dos menores de 13 anos acreditam que a morte é uma solução para seus problemas.

De acordo com o psiquiatra Boris Cyrulnik, tornar a escola mais flexível poderia reduzir o índice de suicídios entre as crianças
De acordo com o psiquiatra Boris Cyrulnik, tornar a escola mais flexível poderia reduzir o índice de suicídios entre as crianças FRANK PERRY / AFP
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De acordo com dados do Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica da França (Inserm na sigla em francês), em 2009, foram registrados 37 casos entre crianças de 5 a 14 anos. Para o psiquiatra Boris Cyrulnik, responsável pelo documento, algumas mortes consideradas como acidentais se assemelham a uma forma de suicídio, dissimulando o número real de atos.  "Um tabu começa a cair. Até agora ninguém ousava abordar esta triste realidade, preferindo negá-la ou  dissimulá-la com os chamados jogos perigosos", avalia a secretária francesa de estado para a juventude, Jeannette Bougrab.

O relatório não mostra em quais proporções o fenômeno atinge as crianças francesas, mas Cyrulnik revela que, no país, 16% dos menores de 13 anos acreditam que a morte é  uma solução para seus problemas, em casa ou na escola. "Levando em consideração que quatro milhões de adultos consomem psicotrópicos regularmente, concluímos que esse mal-estar contaminou os mais jovens", explica o psiquiatra Bougrab.

O suicídio é a segunda maior causa de morte entre pessoas com menos de 25 anos. Segundo o psiquiatra, se a criança se sente insegura em casa ou na escola, pode sucumbir à pressão. O problema é que, contrariamente aos adultos, elas são mais impulsivas, e não dão sinais que podem alertar os pais ou professores. Para Cyrulnik, profissionais da infância, como médicos e professores, deveriam ser formados sobre o assunto.

Alguns especialistas criticam a metodologia proposta pelo psiquiatra. Para Marcel Rufo, psiquiatra especializado em crianças, nem toda morte acidental deve ser interpretada como um ato suicidário. Para ele, enquanto o suicídio na pré-adolescência aumenta, o infantil representa entre 6 e 8 casos anuais. "O comportamento de risco faz parte do comportamento normal da criança", destaca.

 

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