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França/Escândalos

Chirac teria recebido de líderes africanos malas com dinheiro

Um advogado franco-libanês que trabalha como consultor para o presidente francês, Nicolas Sarkozy, acusa o ex-chefe de Estado Jacques Chirac e o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin de terem recebido ilegalmente de presidentes africanos mais de 20 milhões de dólares em dinheiro vivo e obras de arte raras.

Dominique de Villepin (à esquerda) e Jacques Chirac.
Dominique de Villepin (à esquerda) e Jacques Chirac. AFP PHOTO PATRICK KOVARIK
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Acusado de ter facilitado a criação de empregos-fantasma quando era prefeito de Paris entre 1977 e 1995, Jacques Chirac se vê envolvido em um novo escândalo político de corrupção. Em entrevista neste domingo ao Journal de Dimanche, o advogado franco-libanês Robert Bourgi afirmou que o ex-presidente da França recebeu de cinco chefes de Estado da África (Senegal, Burkina Fasso, Costa do Marfim, Congo e Gabão) cerca de 10 milhões de dólares para a sua campanha de reeleição em 2002.

Segundo o advogado, além de Chirac, seu primeiro-ministro Dominique de Villepin também recebeu diversas malas de dinheiro vivo, entre 1995 e 2005, oferecidas pelos líderes das antigas colônias francesas.

"Eu avalio em cerca de 20 milhões de dólares o valor total que eu entreguei a Chirac e a Villepin", disse Bourgi, que na época era consultor do governo para assuntos africanos.

Estátuas e relógio de diamantes entre presentes

Bourgi deu novas entrevistas nesta segunda-feira e contou à RFI que, além de dinheiro vivo entregue em maletas, ele trazia da África "presentes" oferecidos por chefes de Estado, como obras de arte raras e valiosas.

"Villepin ganhou bustos de Napoleão e máscaras africanas. Chirac ganhou um relógio que devia ter 200 diamantes, um objeto esplêndido que dificilmente pode ser usado na França", citou o advogado.

Segundo ele, o esquema de financiamento oculto de líderes africanos para autoridades francesas é muito antigo e envolve outros ex-presidentes da França, como François Mitterand, Giscard D'Estaing Georges Pompidou. Bourgi explica que os franceses fazia "vista grossa" para certas atividades ilícitas de abusos de poder na África e, assim, controlava os dirigentes destes países ricos em matérias-prima vitais para a França, principalmente o petróleo.

O advogado confessou, no entanto, não ter provas concretas de suas ações. Jacques Chirac e Dominique de Villepin já indicaram que vão processa-lo por calúnia e difamação. A oposição socialista pede a criação de uma comissão parlamentar para investigar as denúncias. Marine Le Pen, presidente do Fundo Nacional, partido de extrema-direita, se disse surpresa pelo fato de Bourgi não ter citado o nome de Nicolas Sarkozy, sabendo que "ele faz parte do círculo mais próximo do presidente".

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