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Grécia/Eleições

Líder de extrema-esquerda faz último comício em Atenas e promete "mudar a Europa"

O partido de extrema-esquerda Syriza, favorito para vencer as eleições legislativas de domingo (25) na Grécia, fez na noite desta quinta-feira (21) seu último comício de campanha em Atenas. Diante de 4.500 pessoas, segundo a polícia, 10 mil de acordo com os organizadores, o líder da legenda, Alexis Tsipras, reafirmou que, se eleito, vai suspender as medidas de austeridade impostas pelos credores internacionais e renegociar o pagamento da dívida grega com a chamada tróica, formada pelo FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu.

Alexis Tsipras, o líder do partido de extrema-esquerda Syriza, agradece os eleitores durante o último comício da campanha em Atenas nesta quinta-feira à noite (21) em Atenas.
Alexis Tsipras, o líder do partido de extrema-esquerda Syriza, agradece os eleitores durante o último comício da campanha em Atenas nesta quinta-feira à noite (21) em Atenas. REUTERS/Orstis Panagiotou
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Adriana Moysés, enviada especial a Atenas

Aléxis Tsipras, 40 anos, começou seu discurso dizendo que a Europa não será mais a mesma depois de domingo, com a provável vitória do Syriza nas legislativas. Ele reconheceu que a Grécia “assumiu empréstimos e deve pagar, mas só os gregos podem decidir quando e de que maneira serão feitos os pagamentos”.

A dívida grega chegou a € 320 bilhões no final de 2014, o equivalente a 175% do PIB, um montante que muitos economistas consideram inviável para um país com as especificidades da Grécia.

O líder de extrema-esquerda afirmou que seu primeiro objetivo, como chefe de governo, será que “nenhum grego tenha fome, frio ou precise subornar um médico para ser atendido no sistema público de saúde”.

Entre as medidas polêmicas adotadas pelo governo conservador do premiê Antonis Samaras, para diminuir o deficit público, estão a suspensão da cobertura médica e do seguro desemprego a partir do 13° mês sem trabalho.

Única esperança

O programa antiausteridade do Syriza seduz milhares de gregos marcados por sete anos de recessão, pelos cortes de 15% a 30% nos salários e pensões, um desemprego de 25,5% da população ativa, principalmente entre os jovens e trabalhadores com mais de 50 anos.

O carisma de Tsipras e seu discurso contra as elites representam hoje a única esperança de mudança no país, como expressa a maioria dos eleitores do Syriza. Muitas pessoas não acreditam que o líder de esquerda conseguirá aplicar o que promete, mas como doentes desenganados afirmam que ele é a única esperança.

O deputado Alexandros Kalidis, que concorre a um segundo mandato pela grande circunscrição de Atenas, reconhece que, se eleito, o Syriza terá de lutar contra “muitos interesses estabelecidos”, mas diz que esta é a única alternativa “para superar a crise humanitária” que vive a Grécia.

Tsipras pediu aos eleitores que dêem ao Syriza “um mandato claro” nas urnas, para que o partido possa aplicar seu programa e “acabar com a falta de transparência” que envolve os gastos públicos.

Na praça da Concórdia (Omonia), em Atenas, ele detalhou algumas medidas concretas logo para os primeiros dias de mandato, caso seja eleito: isenção do imposto de renda para quem ganha até € 12 mil e suspensão do reajuste do IPTU, decretado pelo atual governo conservador para todos os proprietários de imóveis. Tsipras também prometeu impedir que os bancos confisquem a casa própria daqueles que só tiverem uma residência principal e estiverem em situação de insolvência. O líder comprometeu-se a combater o contrabando da gasolina, a evasão fiscal e o trabalho não declarado. “Não temos compromissos com os oligarcas, tampouco com o poder da mídia e o mercado financeiro”, martelou o candidato.

PSOL em Atenas

O comício do Syriza contou com a presença de líderes de esquerda de vários países. O mais emblemático deles era Pablo Iglesias, líder do Podemos, que tem a mesma plataforma antiausteridade e vai às urnas este ano na Espanha. O PSOL, que apoiou oficialmente o programa do Syriza, estava representado pelo secretário Nacional de Comunicação, Juliano Medeiros. Ainda no palanque, os líderes do Partido Comunista Francês e do Die Link alemão.

Sem maioria

O Syriza quer obter a maioria absoluta das 300 cadeiras do Parlamento grego para governar sem precisar de alianças. Mas a conta, a três dias da eleição, ainda não fecha.

Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira pelo Instituto GPO para o canal de TV Mega aponta o Syriza com 32,5% dos votos, seguido por Nova Democracia (conservador) com 26,5%; To Potami (centro-esquerda), 5,8%; o KKE (comunista), 5%; Aurora Dourada (neonazista), 5%; Pasok (socialista), 4,4%; Gregos Independentes (nacionalista de direita), 3,4%; e o novo partido do ex-premiê Georges Papandreou com 3%. A Esquerda Democrática (Dimar) e demais partidos não atingem o mínimo necessário de 3% para eleger deputados no Parlamento. Os indecisos somam 10% dos eleitores.

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