Papa Francisco denuncia "idolatria do dinheiro"
O papa Francisco divulgou hoje o primeiro documento importante de seu pontificado, a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho). Ao longo de 142 páginas, na versão em espanhol, o papa faz um apelo à proteção dos cristãos nos países muçulmanos, condena os excessos do capitalismo financeiro e defende reformas na Igreja Católica. Por outro lado, Francisco continua intransigente em relação a questões, como a ordenação das mulheres e o aborto.
Publicado a: Modificado a:
O primeiro documento de orientações para a Igreja Católica redigido pelo papa jesuíta utiliza temas já abordados durante sermões, homilias ou declarações públicas, desde sua ascensão ao trono de São Pedro, em março.
No texto, o papa exorta os líderes das principais potências mundiais a lutar contra a pobreza e as desigualdades geradas pelo capitalismo financeiro, que ele chama de "nova tirania invisível". Ele denuncia "a nova idolatria do dinheiro" e um sistema econômico que causa "exclusão". O papa sublinha que "o dever dos ricos, em nome de Cristo, é ajudar os pobres".
"Não é possível que um idoso obrigado a viver na rua morra de frio na indiferença de todos, enquanto dois pontos de alta na bolsa de valores virem manchete nos jornais", escreve o papa em um capítulo dedicado aos desafios globais da atualidade. "A desigualdade social é a raiz dos males da sociedade", escreve o papa argentino.
Proteção dos cristãos em países muçulmanos
Em outro trecho, Francisco "suplica humildemente" aos países muçulmanos que "garantam a liberdade religiosa para os cristãos", considerando "a liberdade que os crentes do Islã desfrutam nos países ocidentais". O papa demonstra preocupação com os incidentes violentos de fundamentalismo que têm vitimado os cristãos em países onde eles são minoria. Francisco convida a "evitar generalizações odiosas", uma vez que "o verdadeiro Islã se opõe a toda forma de violência".
Há sete anos, Bento 16 causou um tumulto no mundo muçulmano ao associar o Islã com violência, em uma declaração feita durante uma visita a Regensburg, na Alemanha. Com esta abordagem, Francisco corrige o mal-entendido.
Recusa do sacerdócio de mulheres
Esta Exortação Apostólica traduz o estilo caloroso e simples do papa Francisco, contrastando com a escrita mais acadêmica e formal de seus antecessores.
Embora ele sublinhe que a principal missão da Igreja é pregar "a beleza do amor de Deus que se manifestou em Jesus Cristo", o pontífice reiterou a sua oposição em duas questões sensíveis : o sacerdócio das mulheres e o reconhecimento do aborto.
Ele lembra que o sacerdócio é reservado aos homens, e "a questão "não está aberta a discussão", fazendo a concessão que "as mulheres devem ter uma influência maior na governança da Igreja".
Sobre o aborto, ele diz que ninguém deve esperar que a Igreja mude de posição em relação ao direito das crianças de nascer; "Não é uma ideia progressista resolver os problemas eliminando uma vida humana", diz o papa.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro