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Igreja Católica/Pedofilia

Igreja belga anuncia ações para acompanhar vítimas de padres pedófilos

Monsenhor André-Joseph Léonard afirma que “é preciso tirar as lições necessárias dos erros do passado” e reconhece que “uma atenção pessoal às vítimas deve ser a primeira medida a ser reestabelecida pela Igreja”. Na Grã-Bretanha, 87% dos católicos estimam que os escândalos de abusos sexuais prejudicaram a imagem da Igreja.

Monsenhor André-Joseph Léonard anuncia iniciativa para apoiar vítimas de padres pedófilos.
Monsenhor André-Joseph Léonard anuncia iniciativa para apoiar vítimas de padres pedófilos. Reuters
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A Conferência Episcopal da Bélgica reagiu pela primeira vez, na manhã desta segunda-feira, ao relatório Adriaenssens sobre os abusos sexuais na Igreja Católica do país. A mais alta autoridade da Igreja da Bélgica, o monsenhor André-Joseph Léonard anunciou uma iniciativa para apoiar as vítimas de padres pedófilos, depois que o país foi envolto por uma avalanche de escândalos, confissões e dramas humanos ligados a padres pedófilos.

André-Joseph Léonard afirmou que “é preciso tirar as lições necessárias dos erros do passado” e reconheceu que “uma atenção pessoal às vítimas deve ser a primeira medida a ser reestabelecida pela Igreja”.

A comissão que investigou as denúncias recomendou a punição dos responsáveis pelos abusos e a criação de um fundo de solidariedade para as vítimas.

Os relatos dolorosos de quase 500 vítimas e familiares revelaram a magnitude dos abusos sexuais cometidos pelos religiosos belgas durante 25 anos, e que levaram 13 pessoas ao suicídio. Grande parte dos casos aconteceu entre as décadas de 50 e 80, e dois terços das vítimas são homens.

Segundo o relatório, a lei do silêncio imperou durante décadas em quase todas as dioceses e internatos do país. As testemunhas, hoje com idades entre 40 e 60 anos, tinham entre 2 a 18 anos na época em que foram molestadas por padres, professores de religião e acompanhantes de grupos católicos do país.

As declarações do monsenhor André-Joseph Léonard foram recebidas com certa frieza por familiares de vítimas citadas no relatório, que esperavam a responsabilização dos culpados.

O psiquiatra Peter Adriaenssens, que presidiu a comissão de investigação, afimou que a maioria das vítimas apresentou denúncias após a renúncia do bispo de Bruges, Roger Vangheluwe. Em abril passado, Vangheluwe admitiu ter tido relações sexuais com seu sobrinho durante 13 anos.

Apesar de escândalos, católicos britânicos dizem que papa deve se manter no posto

Os casos de pedofilia por membros da Igreja afetaram fortemente a reputaçao da Igreja Católica, mas o papa Bento 16 deve continuar no seu cargo, apesar de tudo. Este é o resultado de uma pesquisa publicada nesta segunda-feira na Grã-Bretanha, antes da visita do Sumo Pontífice ao país.

Interrogados pelo Instituto YouGov, 87% dos católicos britânicos estimam que os escândalos de abusos sexuais prejudicaram a imagem da Igreja. No entanto, 72% acham que o papa não deve se demitir, contra 14% que pensam o oposto, que o papa deveria deixar o cargo.

A pesquisa mostra uma grande disparidade entre os dogmas da Igreja e a opinião dos fiéis britânicos. Apenas 11% estão de acordo com o Vaticano sobre a condenação da homossexualidade. Em compensação, 65% acreditam que os padres católicos deveriam poder se casar, contra 27% que pensam que não. Cerca de 40% dos consultados julgam que o casamento de homossexuais deve ser celebrado da mesma forma que as uniões heterossexuais.

A partir de quinta-feira, Bento 16 fará uma visita de Estado de quatro dias à Grã-Bretanha, a primeira de um papa desde o cisma que provocou a criação do anglicanismo.

Colaboração da correspondente da RFI em Bruxelas, Leticia Fonseca.
 

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