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Europa/ crise

Incertezas econômicas levam ricos do sul da Europa a investir no norte

As incertezas sobre a política na Europa e manutenção ou não da Grécia na zona do euro estão levando os ricos do sul do continente a investir nos países do norte, a exemplo de um milionário grego que transferiu 7 milhões de euros para um banco de Luxemburgo na semana passada. 

Banco Central da Espanha, em Madri.
Banco Central da Espanha, em Madri. REUTERS/Paul Hanna
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“Eu trabalhei duro durante toda a minha vida e suportei bastante riscos em toda a minha carreira. Hoje tenho 62 anos e não quero tomar o risco de ver o meu dinheiro desaparecer no dracma [antiga moeda grega]”, afirmou o empresário, da indústria farmacêutica. A decisão foi tomada apesar de o rendimento em um banco suíço ser bem menor do que um grego, mas ao menos a operação é garantida. “A maioria dos gregos quer permanecer no euro, mas é melhor ter cuidado do que se decepcionar depois.”

A decisão do homem de colocar os seus capitais em um país “seguro” da zona do euro reflete uma tendência entre os ricos dos países do sul da Europa, atingidos profundamente pela crise das dívidas. Enquanto os gregos temem a desvalorização do seu patrimônio, espanhóis e portugueses se questionam sobre a saúde de seus bancos, o que os tem levado a transferir suas fortunas para os países que, paradoxalmente, menos precisam de dinheiro.

Os consultores financeiros e banqueiros que orientam clientes com economias superiores a 100 mil euros perceberam, desde o início de maio, a emergência de um “bank run by wire transfer” (fuga eletrônica de capitais) em direção a estabelecimentos no norte, especialmente Londres, Frankfurt e Genebra. “É algo que percebemos há algum tempo e que se acelerou nas últimas semanas”, afirmou Lorne Baring, diretor da B Capital, uma sociedade suíça especializada em poupança.

Entretanto, como a incerteza sobre as consequências da saída da Grécia da zona do euro é completa, levar o dinheiro para outros países não garantiria aos gregos manter a poupança na moeda europeia, alertam alguns consultores. “Não sabemos se uma conta de um grego fora da Grécia seria convertida, e ainda menos o que aconteceria com as obrigações em euro emitidas pela Grécia e em posse de não-gregos”, comentou Damian Bloom, do escritório de advogados Berwin Leighton Paisner, em Londres.

Outro banqueiro, de clientela espanhola, conta que os clientes têm na memória a lembrança do que aconteceu na Argentina no início dos anos 2000, com o “corralito”: as autoridades do país limitaram os saques, levando os correntistas ao pânico. “Nós recebemos ligações de clientes que querem tirar as economias da Espanha devido a um suposto risco de ‘corralito’, mesmo que pensemos que isso não vai acontecer e os incitemos a não fazer isso”, relatou o especialista à agência Reuters, sob anonimato.
 

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