Morre diretor de cinema e teatro francês Patrice Chéreau
O diretor de cinema, teatro e ópera francês Patrice Chéreau, um dos grandes nomes dos palcos europeus nos últimos 40 anos, morreu nesta segunda-feira, 7 de outubro de 2013, em Paris. Dos líderes do governo às principais personalidades da vida cultural francesa, o país lamenta nesta terça-feira a perda de um de seus artistas mais respeitados em todo o mundo.
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O diretor era conhecido por sua exigência e sua enorme capacidade de trabalho. Ele tinha uma maneira muito particular de dirigir os atores, uma mistura de intuição animal e compreensão profunda das obras com as quais trabalhava.
O anúncio de sua morte gerou uma onda de emoção e homenagens na França. O presidente François Hollande saudou "um dos maiores artistas franceses", que era um "orgulho" para o país.
"Era um homem magnífico, generoso, exigente com seu talento e com os valores que ele encarnava", acrescentou a ministra francesa da Cultura, Aurélie Filippetti.
O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, homenageou em um comunicado "um artista excepcional dotado de uma imaginação e de uma visão prodigiosas".
Trajetória
Nascido em 1944 em Lézigné, no oeste da França, Patrice Chéreau cresceu em Paris. Ele se apaixonou pelo cinema e pelo teatro quando ainda frequentava o ensino médio.
O artista sempre foi politicamente engajado. Em 1962 ele manifestou contra a guerra da Algéria, em 1979 apoiou Vaclav Havel em Praga, e no final de 1994 projetou "A Rainha Margot" durante a guerra em Sarajevo. No ano 2000 a extrema-direita entrou no governo austríaco, e Patrice Chéreau boicotou o festival de Salzbourg.
O encontro com o dramaturgo Bernard-Marie Koltès foi um momento de virada na sua carreira: de 1982 a 1990, ele montou suas peças no Teatro des Amandiers, em Nanterre, na região parisiense, onde também encenou peças de Jean Genet e Heiner Muller. Em oito anos de efervescência cultural Chéreau formou uma nova geração de atores.
O diretor sempre se recusou a deixar que sua homossexualidade definisse sua identidade ou seu trabalho. "Tenho vocação para ser universal, para falar de todo mundo. De maneira alguma a minha homossexualidade pode me reduzir a tratar somente de temas homossexuais", dizia ele.
Na ópera, Patrice Chéreau se tornou mundialmente conhecido quando montou com o compositor Pierre Boulez sua versão da tetralogia "O Anel dos Nibelungos", de Richard Wagner, para o centésimo aniversário do Festival de Bayreuth, em 1976. Ele colaborou ainda com maestros como Daniel Barenboïm e Daniel Harding.
No cinema, Patrice Chéreau realizou dez longa-metragens. O mais conhecido deles é "A Rainha Margot", de 1994, que venceu dois prêmios em Cannes e cinco Césars, o Oscar do cinema francês.
O último trabalho de Patrice Chéreau, a direção de cena da ópera "Elektra", de Richard Strauss, foi muito apaludido em julho no festival lírico de Aix-en-Provence, no sul da França.
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