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EUA/Tecnologia

Carros sem motorista podem chegar às ruas sob ameaça de hackers

Nos próximos meses, o carro autônomo do Google deve ser testado pela primeira vez em via pública. Mas, ainda que tudo corra bem com os primeiros quilômetros deste veículo sem motorista, a nova tecnologia preocupa empresas americanas de segurança informática e deve obrigar as companhias de seguro a rever completamente seus modelos de negócios. Do lado informático, não pode ser descartado o risco do controle de um carro autônomo ser assumido por hackers no meio do trajeto; do ponto de vista das seguradoras, a questão fundamental é: quem seria o responsável em caso de acidente?

Foto do Google Car, divulgada pela empresa em 15 de março de 2015
Foto do Google Car, divulgada pela empresa em 15 de março de 2015 REUTERS/Google
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As montadoras destes carros, que podem começar a circular ruas já em 2017, afirmam que levam em conta os riscos de ataques piratas e trabalham justamente no aperfeiçoamento das tecnologias de ponta. Para funcionar sem motorista, esses veículos precisarão de todo um conjunto de gadgets: câmeras, radares, sonares e lidares (condução a laser), administrados à distâncias por softwares capazes de reconhecer limites de calçadas e faixas, placas de trânsito e todo tipo de obstáculos.

Mas, como esses aparatos só poderão funcionar em rede, existe o risco de invasão. Afinal, um exemplo recente mostra o quanto qualquer rede é vulnerável: recentemente um pirata informático se gabou de ter usado o wifi oferecido aos passageiros de um voo para, de dentro do avião, entrar nos sistemas eletrônicos do aparelho e modificar sua trajetória.

Acidente à distância

As empresas de segurança informática Mission Secure Inc (MSi) e Perrone Robotics Inc fizeram uma série de testes de segurança em carros autômatos, em colaboração com a Universidade da Virgínia e o departamento de Defesa. De acordo com elas, as novas tecnologias, que prometem deixar os carros mais confiáveis e seguros, podem sim ser desorganizadas por hackers. Eles só precisariam de uma conexão sem fio, bluetooth ou wifi.

Um dos testes consistia em mudar o comportamento do veículo diante de um obstáculo: pirateado, o sistema obriga o carro a acelerar ao invés de frear diante de um obstáculo detectado pelo lidar, causando uma colisão em alta velocidade. Outro cyber-ataque substitui o comando para uma freagem suave pelo de uma freagem brusca, fazendo o carro perder o controle. O relatório, que pode ser consultado no site da MSi, avalia que "essa situação coloca grandes desafios e riscos para a indústria automobilística e para a segurança pública".

A AFP tentou contatar montadoras que trabalham na fabricação de carros autônomos, mas a maioria não quis responder aos pedidos de entrevista. Especialistas próximos da indústria declararam, no entanto, que o risco de cyber-ataques foi levado em conta e testes realizados ao longo de todo o processo de fabricação. O Google, por exemplo - que se recusou a falar -, teria uma equipe informática de alto nível, encarregada de desafiar os softwares usados em seu carro.

Novo modelo de negócio para seguradoras

A questão da segurança dos carros autônomos também preocupa as seguradoras, que podem ser obrigadas a repensar seus contratos e calcular novamente os prêmios. Em um primeiro momento, eles devem aumentar por conta do preço dos próprios carros, que devem subir por conta do custo da tecnologia e de eventuais peças de reposição.

Mas, conforme os aparelhos se popularizem, a tendência é que o preço caia. Mesmo assim, ainda é muito difícil estimar o impacto da nova tecnologia neste mercado, já que ainda que os riscos associados diretamente aos motoristas possam reduzir, outros - como os cyber-ataques - aparecem no lugar. E, nestes casos, quem deveria ser responsabilizado? A empresa que fabricou o carro, a companhia de segurança, que não conseguiu impedir o ataque, a própria seguradora, o motorista? Ainda não há como responder a essa pergunta.

 

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