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Medicina

Estudo aponta que ter câncer é apenas uma questão de sorte

Um estudo publicado nesta sexta-feira (2) pela revista científica Science defende que dois terços dos casos de câncer ocorrem por mutações aleatórias, e não fatores hereditários ou hábitos de risco. 65% dos diagnósticos de câncer surgiriam, portanto, simplesmente por uma questão “de sorte ou azar”.

Capa da edição de janeiro de 2015 da Revista Science.
Capa da edição de janeiro de 2015 da Revista Science. Reprodução
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A pesquisa da Universidade Johns Hopkins baseou-se em um modelo estatístico que leva em conta uma grande variedade de cânceres – as exceções são o de mama e da próstata. Os pesquisadores analisaram 31 tipos de câncer e descobriram que em 22 dois deles, o tumor cresce por causa de uma mutação genética sem motivos específicos – entre eles a leucemia, o câncer no pâncreas, nos ossos, nos ovários e no cérebro.

No entanto, outros nove tipos mais comuns da doença, como o câncer de pele e dos pulmões, são mais influenciados por hábitos de risco, como a exposição excessiva ao sol, o fumo e também por fatores de herança genética.

“Este estudo mostra que fumar e outros maus hábitos aumento os riscos de ter um câncer”, ressalva o oncologista e professor Bert Vogelstein. Ele completa: “Apesar disso, muitas formas de câncer acontecem devido à falta de sorte e a uma mutação genética que provocará o câncer, sem ter nenhuma relação com o modo de vida ou fatores hereditários”.

Mudar hábitos funciona para alguns cânceres

O especialista acrescenta que as pessoas que vivem muito tempo e não têm câncer, mesmo sendo fumantes ou se expondo demais ao sol, não tem necessariamente “bons genes”. “A verdade é que a maior parte deles tem simplesmente muita sorte”, diz Volgelstein.

Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram o processo natural de renovação das células no corpo humano, que permite a substituição das células conforme elas vão morrendo. Há muito tempo, os pesquisadores sabem que o câncer pode surgir quando as células-tronco cometem pequenos erros, as mutações. Mas este novo estudo é o primeiro a tentar mensurar a proporção dos cânceres iniciados por este fator, em relação aos causados pela herança genética ou ao ambiente desfavorável.

“Mudar nossos hábitos de vida é muito útil para evitar algumas formas de câncer, mas não adiantará nada para outras”, afirma o biomatemático e professor assistente de oncologia na universidade. “Devemos mobilizar recursos para encontrar meios de detectar estes tipos de câncer aleatórios em seu estado precoce, quando é curável”, conclui.
 

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