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Brasil/Bolívia

Em caso raro, diplomata brasileiro admite ter ajudado senador a fugir da Bolívia

Em um caso incomum no mundo da diplomacia, o encarregado de negócios da embaixada brasileira em La Paz, Eduardo Saboia, admitiu em entrevista à rede Globo que ajudou o senador boliviano Roger Pinto Molina, que esteve refugiado durante mais de um ano na representação brasileira, a fugir para o Brasil, onde obteve asilo político. O opositor chegou a Brasília neste domingo.

O senador Roger Pinto Molina diz ser vítima de perseguição política do presidente Evo Morales (foto).
O senador Roger Pinto Molina diz ser vítima de perseguição política do presidente Evo Morales (foto). REUTERS/David Mercado/Files
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O diplomata brasileiro justificou seu gesto afirmando ter "escolhido a vida". "Eu escolhi proteger uma pessoa, um perseguido político, como a presidenta Dilma foi perseguida", disse o diplomata ao desembarcar na madrugada desta segunda-feira no aeroporto de Brasília. Ele foi chamado pelo Itamaraty para prestar esclarecimentos.

A situação de Pinto Molina havia se tornado insustentável, relatou Saboia, com o senador dando sinais de depressão e inclinação ao suicídio, depois de passar 452 as num cubículo da embaixada aguardando autorização para deixar o país. O diplomata garante que decidiu ajudar o senador a escapar "porque havia un risco iminente de vida e da dignidade do senador".

O senador, que alegava perseguição política do governo Evo Morales, chegou à capital federal no domingo, após uma viagem de carro de 22h até atravessar a fronteira no Mato Grosso do Sul. A longa viagem de fuga de La Paz para Corumbá (MS) começou na sexta-feira, com a ajuda de Saboia e de dois carros da embaixada brasileira, o que normalmente não é autorizado devido aos processos judiciais nos quais o senador está envolvido em seu país.

Parlamentar eleito na província de Pando, líder do partido de oposição Convergência Nacional, Pinto Molina responde a vários processos judiciais na Bolívia, entre outras acusações por desacato, venda de bens do estado e corrupção. O parlamentar alega sofrer perseguição do presidente Evo Morales desde que denunciou esquemas de corrupção no governo e ligação com o tráfico de drogas.

Em comunicado à imprensa, o ministério das Relações Exteriores boliviano informou que o político é agora “um fugitivo da justiça”. Por outro lado, o governo boliviano declarou que o caso não irá prejudicar as relações diplomáticas com o Brasil.

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