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Imprensa

Jornal francês compara trajetória de Marina Silva a percurso de Lula

O jornal francês Le Monde desta quinta-feira destaca o desempenho da ex-candidata do partido Verde, Marina Silva, no primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil e compara o percurso da ex-ministra do meio ambiente à trajetória pessoal e profissional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Para o Le Monde, Marina Silva representa uma nova maneira de fazer política.
Para o Le Monde, Marina Silva representa uma nova maneira de fazer política. Wilson Dias/ABr
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"A história de Marina lembra a do presidente Lula. Originária de uma família numerosa e muito pobre, tanto ela quanto Lula souberam construir o destino com coragem, inteligência e tenacidade. E, provavelmente, até com mais mérito, pois ela é mulher e negra", escreve o correspondente do jornal no Brasil, Jean-Pierre Langellier.

O jornalista retraça a infância de Marina, quando aos 11 anos começou a trabalhar com o pai, seringueiro no Acre. Conta que, aos 14 anos, depois da morte da mãe, ela parte para Rio Branco, capital do estado, para tratar uma pneumonia, onde começa a trabalhar como empregada doméstica e a fazer aulas de alfabetização.

Na universidade, Marina descobre o marxismo, a luta sindical e se une ao líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988. O jornal francês lembra que a ex-candidata se tornou, aos 35 anos, a mais jovem senadora da história do Brasil. "As convicções ecologistas de Marina foram reforçadas quando ela descobriu que suas doenças crônicas eram o resultado de uma contaminação por mercúrio", afirma o Le Monde.

Abandono

O jornalista também lembra que, como ministra do meio ambiente, Marina Silva lutou, em vão, contra o lobby do agronegócios, contra os transgênicos, contra a construção de usinas hidrelétricas e pela preservação da floresta Amazônica. "Mas Lula abandonou Marina com frequência para promover a implementação de grandes projetos, apadrinhados por Dilma Roussef ", escreve Langellier.

Para o jornalista, Marina representa uma nova maneira de fazer política, em que "a autoridade dos argumentos substitui os argumentos das autoridades". O artigo descreve a ex-ministra como íntegra e coerente. "Com sua integridade moral e coerência política, ela refuta o nepotismo, o clientelismo, a corrida desenfreada a cargos no ministério, todas esses hábitos da velha política", diz o jornalista.

Também cita o que chama de "personalidade controversa" de Marina Silva, afirmando que a ex-candidata é "politicamente progressista e socialmente consevadora". Um exemplo citado pelo jornal Le Monde são as inclinações evangélicas quase extremistas da ex-candidata, que "gostaria de ver o creacionismo (doutrina que defende que Deus criou o mundo a partir de Adão e Eva) sendo ensinado nas escolas com o mesmo espaço que a teoria da evolução das espécies de Darwin".

Eleitorado

Langellier divide o eleitorado de Marina Silva em três categorias. Primeiro, os chamados "verdes-verdes", ou seja, os ecologistas convictos. Em seguida, os "verdes-vermelhos",  formados, principalmente, por jovens das grandes metrópoles, decepcionados com o "ulismo" e com os escândalos de corrupção protagonizados pelo PT de Lula. Por último, estariam os chamados “verdes-azuis”, representando os eleitores católicos e evangélicos. Para o jornalista, foram esses últimos eleitores os responsáveis pelo sucesso de Marina Silva no primeiro turno, em detrimento da candidata Dilma Rousseff.
 

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